terça-feira, 13 de novembro de 2012

A arte de ser Fluminense

É diferente. Ser Fluminense é diferente.
Não somos a maioria, é verdade.
Também não estamos na "Boca de Matilde", como se diz.
Não temos (ainda) a nossa arena. Tomamos emprestado, sem contestação, o Maracanã, ao longo de nossa vida.
O estádio das Laranjeiras é acanhado, singelo, no meio  da cidade.
O nosso "CT", modesto e em reforma, fica em Xerem, cercania da "maravilhosa".
Tricolores "famosos" se contam nos dedos:
Nelson Rodrigues, Cartola, Chico Buarque, Jô, Bial, Nelson Mota, Carlinhos Vergueiro, Evandro Mesquita, Milton Nascimento, Sérgio Malandro, Marisa Monte, Hugo Carvana, Ana Botafogo, Arthur Moreira Lima, Paulo Ricardo, Elis Regina, Ivan Lins, Fernanda Torres e sua mãe, Ronaldo Bôscoli, a garota de Ipanema, Helô, Gilberto  Gil, Dado Villa-Lobos, Toni Platão, Wanderléia e outros nobres torcedores que minha memória esqueceu com carinho.
Mas tudo isso, jeito e história, parecem transcorrer com muita arte.
Nossa pequena torcida escreve músicas, livros, encanta, interpreta, danca, faz piada e emociona como os versos de Cartola, suaves.
Por isso, disse Nelson Rodrigues:
"Se o Fluminense fosse jogar no céu, eu morreria para assistir".
Seria, convenhamos, o maior espetáculo do outro mundo.

domingo, 4 de novembro de 2012

"Gonzaga - De Pai para Filho", o filme, é tão bom quanto os dois.

O filme brasileiro de Breno Silveira não só homenageia, recupera e explica a vida do Rei do Baião.
O Diretor de “2 filhos de Francisco" expõe com zelo e cautela os conflitos de pai e filho, nos emociona com a saudade do nordeste, de nossas infâncias, da riqueza e bravura daquele povo.
Relembra que todo ídolo é tão humano, e falível, como o mais humilde dos seus fãs.
Uma das cenas que me emociona, nestes tempos das falsas celebridades e da esquizofrenia pela unanimidade, se passa no Rio de Janeiro, em 1947.
Decidido a cantar para o povo, Luiz resolve subir na laje do teatro e não apenas se apresentar para aqueles que conseguiram ingresso.
Lá de cima, vê-se ovacionado, em cena de causar inveja aos mitos populistas.
A cena é antológica, poética e política.
Luiz foi um Rei, teve povo, foi perdoado pelo filho e escreveu com a mais particular inspiração a música que o imortalizou e a sua (nossa) gente.
Como nos filmes, sua trajetória teve início por causa de um amor impossível e que, se concretizado, poderia ter escondido do mundo o talento da "sanfona" e deixado o baião arder na secura do sertão nordestino.
Deixe de” bestagem” e vá ver este filme arrebatador.
No elenco, além de notáveis desconhecidos intérpretes de Gonzaga, escolhidos em pesquisa intensa, a jovem atriz Nanda Costa, protagonista da novela "Salve Jorge", faz a mãe de Gonzaguinha, num dos aspectos mais sensíveis da vida do pai, do filho e de uma mulher naqueles tempos.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tambaqui, camarão, pato e carneiro

José Carneiro é Vieira também. O nome é um cardápio de bicho da terra e do mar. Carne e molusco.
Conheci esse patoense na minha infância.
Foi o primeiro ser humano que mesmo com o braço quebrado mantinha o charme, jogava bola com as malandragens da perna esquerda e era meu primo. Tudo ao mesmo tempo.
Vivíamos à época, como agora, em um "bom clima".
Seus cabelos cacheados pareciam ser para sempre, embora já sugerissem que ele seria botafoguense.
Mas deu tudo errado.
O pouco do que restou lembra um resquício de neve escorregando do cume indefeso de uma montanha arredonda.
Na verdade, Zeca, Neto, Netinho ou Carneirinho é um dos cabras mais puros e generosos que conheço.
E com espontânea e incomum alegria preparou um cardápio de chef no sábado que passou.
Sua casa acolhedora apresentou um desfile premiado: tambaqui do Amazonas grelhado em filés tenros e bem temperados, moqueca maranhense com gosto de praia de pescadores e pato no tucupi com jambú aromático do Pará.
Misturando-se com tudo, uma farofa amarelinha e torrada das bandas do grande rio.
Suaves cachaças na entrada como aperitivo e pudim diferente na saída.
Roteiro se achou e se perdeu com tanta formosura e delicias de Zeca.
Luiz Raimundo, Carlos Augusto, Maria da Paz, Kátia, Léa, Cláudia... Vocês perderam.

Adivinhe quem é o chef Carneiro.
                         

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Restaurante do Bira, em Barra de Guaratiba.

Saímos da Tijuca e optamos em ir ao nosso destino pela “Linha Amarela”, evitando o caminho mais tradicional pela orla.
A "viagem" demorou pouco mais de uma hora, mas foi tranquila. Passamos pelo Engenhão ainda vazio, aonde jogariam mais tarde Botafogo e São Paulo.
O Restaurante do Bira, filho da pioneira Tia Palmira, fica incrustado em uma pedra, na Barra de Guaratiba, ponto extremo da orla carioca, defronte da Restinga de Marambaia, reserva militar que os Presidentes do Brasil costumam escolher para as férias mais discretas.
É o próprio Bira quem pesca o cardápio de seus clientes.
Há anos que não visitava o restaurante. Mas o ambiente de cidade do interior me fez recordar rapidamente.
Para chegarmos às suas dependências, alpendres, escorregamos com segurança por um caminho estreito, penhasco abaixo.
Mesmo sendo já por volta das 16h, ainda havia a famosíssima lista de espera.
Para consolo, casais e famílias de turistas bebericando caipirinhas coloridas e pasteis quentinhos e apetitosos, que escondiam camarões, queijos e carne de siri.
O vento frio daquele domingo baixou a temperatura e o ambiente ficou mais ainda exótico.
Lá pelas seis horas da tarde, famintos e enrugados, sentamos numa mesa estratégica. Vista belíssima, com vegetação de mangue escondendo o início da esbelta faixa de areia que se alonga em direção às ilhas de Angra dos Reis.
As moquecas surgiram logo depois.
Robalo e camarões faziam um cardápio empatado, e ambos estavam bem acompanhados de arroz de primeira e uma farofa de estilo nordestino, firme e bem temperada no dendê. Eu diria...Com personalidade.
Diferente da mais comum, a moqueca de robalo, minha escolha, trazia o peixe quase inteiro, em duas partes. Macio, ele se misturava à vontade ao caldo. Supimpa. A melhor  dos últimos tempos.
Vinhos não é uma prioridade para o Bira, mas achei um Casilleiro del Diabo, talvez esquecido, que fiz me acompanhar. Deu certo. Foi tudo um domingo espetacular, familiar e saboroso.
Na próxima viagem ao Rio, deixe as tentações mais tradicionais e chegue com bastante fome ao Restaurante do Bira. Os preços são para “presidentes”, mas uma vez ou outra não vão lhe trazer arrependimentos.
Abre somente de quinta a domingo.
Foto de Oglobo.com

terça-feira, 18 de setembro de 2012

"O Exótico Hotel Marigold"

“O Exótico Hotel Marigold” (Reino Unido/2012) parece uma comédia para dar rizadas quando visto nos anúncios do cinema.
Até se ri, é verdade, mas é um drama também, trata de coisa séria e é mais um filme do novo mercado da terceira idade, embora eu ache uma chatice falar assim. Afinal, quantas elas são, as idades e suas fases? Eu, insisto, vou viver umas quatro.
O longa tem uma constelação de homens e mulheres da tal fase e um jovem muito promissor, o inglês Dev Patel (Quem quer ser um milionário), ainda na sua primeira etapa, dirigidos por John Madden(Shakespeare Apaixonado)
Ele é o "malandro" indiano que sonha em ser um bem sucedido dono de um hotel  para velhinhos endinheirados, ou não. Na verdade, é um “espertinho” merecedor de palmadas.
Entre seus hóspedes, há grandes atores, lendas bem conhecidas do cinema, como Judi Dench (Sonho de uma noite de verão/007 – Operação Skyfall).
Um grupo de ingleses aposentados, entre outros dramas, escolhe o hotel do espertinho para buscarem aventuras e sentido para suas vidas, se encontram em um aeroporto e entrelaçam suas histórias numa Índia tão caótica como todos dizem que é.
Entre decepções na hospedagem vivem situações definitivas, nos alegram e nos emocionam.
Um deles, interpretado pelo veterano Tom Wilkinson (Missão Impossível – Protocolo Fantasma) vai à busca do grande amor de sua vida e nos obriga a fazer uma pergunta:
- O amor tem sexo?
Boa viagem.
Um elenco de estrelas

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"Intocáveis" é imperdível


"Os Intocáveis" é uma série de televisão do EUA, exibida de 1959 a 1963. Foi baseada no livro de mesmo nome, de 1947, escrito por Eliot Ness e Oscar Fraley. Eu  não perdia nenhum capítulo da perseguição aos contrabandistas de bebidas, na época da Lei Seca americana.
Agora, um título parecido chega aos cinemas numa história de amor e amizade, bem dirigida, roteiro impecável e muito divertido. Mas o humor se equilibra na seriedade da história.
Driss(Omar Sy), um emigrante senegalês, tem uma vida restrita e repleta de drama familiar e confusões com a polícia. Aqui, o filme retrata um dos dramas da Europa nos dias de hoje.
Já Philippe (François Cluzet) é um aristocrata francês tetraplégico, que usa seu rico dinheiro para amenizar uma vida trágica.
O encontro de personagens tão distantes na vida real transforma a sessão de cinema num momento extraordinário para diversão e reflexão. 
O ator francês mais jovem surpreende, após  causar alguma inquietação no início, uma sensação de incerteza em cumprir sua missão. Depois, porém, se agiganta e junto com François compõe uma dupla encantadora em todos os sentidos. O veterano dá um show desde o começo.
Há na trama uma sensualidade tão discreta quanto estimulante, embora a sexualidade seja tratada com respeito merecido. Mas é presente a sensação que se verá uma cena de sexo, que nunca ocorre.
Li na crítica que tal encontro não ocorreria na vida real, mas esta dúvida é encerrada ao final.
Você irá lembrar, também, de Dustin Hoffman pela semelhança do ator francês que faz o aristocrata da dupla. Mas isso é apenas um detalhe.
"Intocáveis” (França/2012) é filme para prêmios, uma surpresa inusitada. É quase intocável, protegido de maus olhares.
A direção é de uma dupla de franceses, Eric Toledano e Olivier Nakache, desconhecida fora de lá.
É o segundo maior sucesso de bilheteria do cinema francês. E isso não é pouca glória.
Eu garanto diversão, emoção e reflexão, sob impacto, diante de tanto preconceito fora da tela.


google imagens


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Um Divã para Dois"... Antes tarde do que nunca.

sabemos que viveremos mais no século XXI.
O cinema também percebeu isso.
Está em cartaz  uma produção que pode estimular muito a famosa "terceira idade" ou "idade da sabedoria", bom, apelidos não faltam.
"Um Divã para Dois” (EUA-2012) pode revolucionar as relações mais antigas, e Meryl Streep e Tommy Lee Jones, com categorias reconhecidíssimas, fazem de tudo para isso.
Aliás, essa atriz é estrelar, abençoada. Transforma-se em qualquer papel que lhe desafiam. Neste, faz a própria na idade e aí é covardia, como o jargão popular diz para revelar algo excepcional.
Ele mostra que é bom mesmo fora do papel de um policial marrento.
Os dois interpretam um casal com 31 anos de casados, em crise, dormindo em quartos separados e sem fazer sexo há pelo menos quatro.
O filme é verdadeiro, não esconde como é o dia-a-dia de milhares de casais mundo afora, em certa condição de desgastes, reclamações e fantasias reprimidas, espera de carinho e atenção, desperdício de vidas.
E como na realidade, a ciência que cuida das inquietações da surpreendente caixa de neurônios, pode ajudar muito se houver humildade e busca.
O filme revela, ainda, que voltar a amar e desejar o outro, mesmo depois de longos verões pela vida, não é impossível.
Chama  a atenção, também, de como a turma do casamento hoje em dia se entrega para o "casa-separa, casa-separa", que lembra o programa de humor dos anos 80.
O recado é o seguinte: com amor, pode haver tesão até no fim da vida, conversar sobre as fantasias não faz  mal nenhum e os homens precisam de ajuda quase sempre.
Há cenas inusitadas, que deixarão gente de bochechas vermelhas, mas serão muito bem recebidas  por senhoras e senhores com vontade de serem felizes sem prazo de validade.
Dois detalhes: não há Viagra na parada e você poderá sentir vontade de comer ovos com bacon, ou não.
O Diretor, David Frankel, conhece bem a mulher do casal( O Diabo Veste Prada)
Esta comédia dramática é séria e vai dar o que falar( e o que fazer)

Não entendeu a cena? Corra para o cinema(google imagens)




terça-feira, 31 de julho de 2012

Erro crucial de arbitragem deveria ser crime culposo da FIFA

Não se trata de choro de tricolor.
Foi unânime a indignação de torcedores, jornalistas e apaixonados por futebol  pela anulação do gol de Fred, no final do jogo entre Flu e Atlético (0x0), domingo passado, no Engenhão.
O erro ainda se destacou mais pelo significado do jogo entre duas equipes candidatas ao título e pelo desempenho do Galo de Ronaldinho, líder do campeonato.
As perdas para o Fluminense foram grandes e os dois pontos que foram arrancados do tricolor farão muita falta. Na verdade, o vencedor daquele jogo sairia, mais do que nunca, candidato ao título.
Mas este post vai deixar o detalhe de lado.
Importa a oportunidade, mais uma, de discutirmos o uso da tecnologia para auxiliar a arbitragem em lances rápidos e cruciais durante uma partida de futebol.
Em 2010, já que mais uma Copa se aproxima, a Inglaterra sentiu dolorosamente a sua classificação escapar por um erro grotesco e escandaloso. Fez um gol legítimo, com a bola entrando claramente mais de um metro no gol da Alemanha, que o juiz anulou. A história da Copa poderia ser outra, caso a Alemanha não se classificasse.
Mas não faltam exemplos no passado, no presente e não faltarão no futuro, se nada for feito.
O tênis já usa a tecnologia e nem por isso deixou de ser um esporte de alto nível e de muita emoção.
Aliás, para aqueles que argumentam que o erro faz parte do futebol porque gera polêmica, lembrem-se que gera, isto sim, mudanças irreparáveis na trajetória de clubes, jogadores, treinadores, investidores e, claro, tristezas e desilusões desnecessárias ao torcedor, craque da arquibancada e sustentação dos valores culturais, esportivos  e econômicos do futebol.
Nem um atleticano reclamaria de um gol confirmado sob o olhar da verdade.
Aliás, torcedor algum, reclama da verdade. É balela atribuir ao erro um elemento necessário para alimentar a paixão no futebol.
A paixão é maior, ainda, se a regra for cumprida, pois assim não existirão desculpas para os adversários.
A FIFA passa por uma depuração moral, untada que parece ser pela corrupção.
É hora de limpeza de seus vícios equivocados, como o conservadorismo de uma geração que passou do tempo.
Há muitas formas de adaptar a tecnologia, como parece que será confirmada para a Copa em 2014, mas não sabemos o quanto nem como.
Há consenso que cada time possa ter direito a um número "X" de solicitação dos recursos para tirar dúvida em lances polêmicos.
Esse parece ser um bom começo.
Mas é preciso fazer pressão e exigir da imprensa esportiva, dirigentes e atletas manifestações favoráveis.
Vale a pena fazer campanhas pelas redes sociais e organização de manifestações nos espaços devidos.
A causa não é pequena.
O futebol é um dos esportes mais importantes do planeta e o mais apaixonante, e universal. Cria gerações e mais gerações de atletas, é esporte e lazer ao mesmo tempo, envolve e entrelaça pessoas bem intencionadas, movimenta a economia, gera empregos e impostos, numa cadeia produtiva consistente.
Chega de "emoções"  às avessas. Ninguém quer ganhar com erros de arbitragem.
O torcedor não prefere isso. É mentira, tanto quanto o erro de domingo.
Veja o link:

terça-feira, 17 de julho de 2012

"Na Estrada" é um filme para se pedir carona.

Escrevo este post com enorme satisfação. Esperava ansioso.
A maior riqueza de uma vida é, seguramente, a liberdade. Palavra fantástica, ampla, encerra tanta coisa.
Adolescentes, jovens e até adultos, todos nós ansiamos por ela. Ser livre para escolher, estar aqui ou ali. Fazer isso ou aquilo. Realizar as nossas próprias revoluções, políticas ou de costumes.
É um sonho que embala a vida.
"Na Estrada” (EUA/Brasil-2012), dirigido pelo brasileiro Walter Salles, revive sonhos de outrora.
Há pecados na aventura, alguns imperdoáveis. Há um amigo-inimigo, doido de pedra, irresponsável, louco e moribundo. Sem pai nem mãe.
Mas o que vale é a ideia original.
Amizade de garotos, solidários na fome (diversas), na falta de grana, apaixonados uns pelos outros.
Amores sem limites entre homens e mulheres, homens e homens. Sensualidade ardente.
Dean Moriaty, interpretado por um surpreendente e carismático ator chamado Garrett Hedlund, é o líder irresistível. Sua voz de adulto, firme, chega suave aos nossos ouvidos atentos. Vaga bêbado atrás do pai, da mãe, da família que nunca teve.
Seguem-no Sal Paradise (Sam Riley) o escritor, Carlo (Tim Sturridge) o poeta, Marylou (Kristen Stewart) a namorada sofrida, despedaçada, drogada, mas amante apaixonada, encantada, enganada nos seus breves ainda 17 anos, coitada. Os quatro "arrebentam" na interpretação.
Num EUA explodindo de oportunidades e contradições pós-guerra, berço esplêndido da contracultura, inspiração para drogas, rock e poetas suicidas, mas com estradas boas já naquele tempo, veem-se paisagens tórridas e geladas.
Cidades grandes, pequenas, norte, sul, leste, oeste, onde a polícia rodoviária é tão eficiente quanto corrupta.
Carros antigos que funcionavam como os nossos de agora, jazz puro e de primeira, sexo e muita doidice.
Muita coisa para não ser repetida. Menos a estrada, o jazz, os livros e o sexo.
O filme não cansa. A cada cidade por onde a turma foge de si mesma há novos personagens e cenas quentes.
Mas há o amor incondicional entre os amigos e o sonho louco por liberdade.
Durante quase duas horas eu segui os malucos, mas não fumei nenhum baseado.
Valeu, Walter.

O filme é baseado no romance "On The Road", de Jack Kerouac, publicado pela primeira vez em 1957.
Jack foi um dos maiores representantes da "geração beat americana" e seu livro inquieta mentes e corações até hoje.
No filme, Sal e Dean são as projeções do próprio Jack e de seu amigo de aventura Neal Cassady.
Ninguém menos que Francis Ford Copolla produziu o filme.


Sal e Dean( google imagens)


Vale a pena bisbilhotar o site oficial: http://www.naestradaofilme.com.br/




segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Para Roma, com Amor"

Woody Allen é um gênio. Não há exageros na frase.
Cultuado como diretor, ele reaparece como ator em papel importante, protagonista marcante do roteiro escrito pelo próprio cineasta.
"Para Roma, com Amor” (2012), nova comédia romântica de Woody, já em cartaz no Brasil, é mais um presente que o cinema ganha, como parte da promessa do também músico de homenagear belas cidades do mundo real.
Após "Meia Noite em Paris” (2011), agora é pela eterna Roma de Fellini (outro gênio) que Woody passeia com seu romantismo bem humorado e convincente.
O filme mostra tudo que importa da cidade, mantendo vivas as lendas e mitos dos romanos, sua história, cultura e hábitos e sensualidade.
Há desde a italiana interiorana que se perde na cidade e se entrega a um ator famoso até um cantor de banheiro, que reabilita um produtor musical aposentado.
Na trama, Woody, o  ator,  descobre um italiano com voz de tenor, mas que só canta em casa, durante seu musical banho.
Insiste tanto em produzir o teimoso que o transforma em estrela.
Para conseguir isso, em aspecto indiscutível de genialidade, leva-o a cantar dentro de um banheiro improvisado pelos palcos de óperas da cidade.
As cenas dessa façanha são emocionantes, mesmo em ficção. Woody puro.
Sem comparações apaixonadas, é uma nova versão de "cantando na chuva", vamos brincar. Extraordinária, esta parte da trama vale o filme todo.
Mas há ainda, como se houvesse limites, Ellen Page(Garota Fantástica) interpretando uma atriz "tarja preta", o maduro e sempre bom Alec Baldwin, Jesse Elsenberg(Rede Social), que deixa o mundo virtual do facebook para se deixar apaixonar perdidamente por quem não deve, Penélope Cruz e Roberto Benigni.
O filme é apaixonante, divertido, leve.
A trilha musical nos faz sair cantarolando do cinema. Itália para os ouvidos.
A vida é bela!!!

Woody dirigindo a si mesmo e a Penélope Cruz (google imagens)




sexta-feira, 13 de julho de 2012

"E Aí...Comeu?" é melhor que o título.

O nome do filme, baseado em peça de Marcelo Rubens Paiva, é chulo.
Os diálogos dos três amigos protagonistas são pesados, mal educados e machistas.
Apesar disso, o resultado final do filme é muito bom e temos uma boa comédia que nos faz rir relaxadamente, um roteiro alinhado que, ao final, homenageia as mulheres, colocando os homens em seu devido lugar e, felizmente, mantendo viva a necessidade do amor de um par solidário. O casamento está salvo.
Bruno Mazeo, Marcos Palmeiras e Emilio Orciollo Netto( excelente) são três amigos frequentadores do mesmo bar, metidos a garanhões, mas sofridos nos relacionamentos amorosos.
Nada de original, a princípio, a trilha surpreende pela abordagem realista e bom humor de nosso novo cinema.
Vá para o cinema sem preconceitos, apesar do "comeu". Permita-se surpreender.
De quebra, verá duas participações rapidíssimas e interessantes de "Tufão" e "Lady Kate".
O roteiro tem o próprio Marcelo Rubens Paiva e o filme é um dos lançamentos de 2012.
Direção de Felipe Joffily, o mesmo de "Muita calma nessa hora". O filme mais novo é muito melhor.

Os três "machões" atrapalhados - google imagens




terça-feira, 3 de julho de 2012

Medite sobre esta dica

Este post não fará sugestão de filme, restaurantes ou lugares que me emocionaram.
Hoje, vamos dar uma dica de diversão, bom humor e felicidade que podem ser obtidos sem sair de casa e sem gastar nenhum tostão, como se dizia mais antigamente.
Roteiro tem uma forte base espiritual e a convicção que o mundo metafísico caminha junto e entrelaçado com o mundo científico.
Para mim, em certa medida, os deuses eram astronautas, ou ainda são.
Minha dica nasce de experiência própria, vivida, testada, embora não me pareça muito inteligente ficar divulgando meus "roteiros" de não ficção.
Em alguns textos já escrevi sobre a felicidade ou o grande achado de nos sentirmos plenos, completos, deuses.
Mas nunca escrevi nada tão pessoal. Então, vamos lá.
Você pode, sim, sentir ou fazer o que desejar e, assim, alcançar a felicidade ou um estado de espírito que lhe fará se reconhecer assim.
Não é tão  rápido, num piscar de olhos ou da noite para o dia. É preciso praticar. Exercício e disciplina. Mas é possível.
Primeiro, reconheça o que lhe parece errado. O que lhe incomoda verdadeiramente. No mundo ocidental, há muitas cosias que nos faz muito mal. Não faltam estímulos anti-felicidade. E há, também, os nossos próprios "defeitozinhos", nascidos ou adquiridos, ou tudo ao mesmo tempo. O que,  realmente, lhe incomoda tanto? Eu o deixo à vontade para procurar.
Segundo, se entregue à descoberta ou afirmação pedida acima. Reconhecer os limites ou incômodos é tão essencial quanto respirar.
Terceiro, pense se precisa continuar assim. O que lhe prende a este "roteiro”? Falta vontade de romper com o "vício" ou acha que não tem forças para tal?
Quarto, convença-se que o seu corpo, parte integrante de você, não concorda com sua preguiça mental e espiritual.
Ele decide reclamar e adoece. Ele cansa de você. Ele lhe obedece ao mais silencioso pensamento ruim e sua insistência em se acomodar. Ele obedece aos seus medos.
Há muitos caminhos para enfrentar aos nossos desafios pessoais, ao nosso "carma", como dizem algumas culturas orientais.
Em meu caminho, espinhoso e incompleto, na busca dessa tal felicidade, eu encontrei vários atalhos.
Um deles, o mais importante, é muito pessoal e eu não tenho assim, uma receita pronta.
Eu achei o meu Deus, seu mundo, a alegria das recompensas da fé. Não coloquemos rótulo sobre como se chama essa religião que sigo. Sou católico e sou budista, ou sou espírita e mulçumano em respeito aos que acreditam em ambas. E sou todas as outras que prometem um caminho mais difícil de transformação e que dependa, sobretudo, de cada um, no seu jeito.
Mas confesso que ouço e leio os profetas Jesus e Buda.
Em meio a essa caminhada, descobri um atalho do atalho. É a minha dica.
Hoje, a meditação foi reconhecida dela ciência médica. Sua utilização se multiplicou. Ela atenua dores, males e doenças e as previne também.
Está nos hospitais, tanto na luta contra o câncer como no enfrentamento dos males do coração. Não é remédio, não faz milagre, mas é muito bom.
Roteiro, hoje, se consegue compartilhar emoções, foi graças à meditação e ao Tai Chi Chuan, uma prática completa, baseada nos movimentos dos animais e em lutas marciais.
A meditação é atalho, é caminho, é um "ansiolítico" sem efeitos colaterais, é um filme romântico bem finalizado, um restaurante da comida mais deliciosa, um lugar perfeito.
Tratada com carinho e paciência, ao longo do tempo lhe transforma e pode lhe salvar.
Arruma seus pensamentos, fortalece sua imunidade, lhe dá graça e humor e, mais benéfico, pode reduzir e controlar o mal do século (para mim), a ansiedade. A ansiedade é a porta da decisão errada e de muitos  males da mente e do corpo. Refiro-me a ansiedade indesejada, generalizada às vezes, que reduz a qualidade de vida e que nos faz errar muito.
Não é fácil aprender a meditar. Dá trabalho como tudo que é verdadeiramente bom. Mas é um santo "remédio", além de lhe fazer mais sábio e melhor preparado para tudo.
Medite sobre esta dica.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rio em dose dupla

Duas dicas da cidade maravilhosa.
Primeiro, o musical "Cabaret", com Cláudia Raia e Jarbas Homem de Mello, no teatro Oi Casa Grande, ao lado do Shopping Leblon.
A atriz está exuberante aos 45 anos, combinando sua voz firme e marcante com interpretação precisa.
Interpreta a cantora bêbada Sally Bowles do "Kit Kat", um cabaré de Berlim, às vésperas da vitória política do partido de Hitler, pelos idos de 1932. O Nazismo iniciava seu ante-espetáculo macabro e repugnante.
O mestre de cerimônia, o ator Jarbas Homem de Mello, jovem, talentoso e bonitão, rouba a cena e se apresenta como um profissional maduro e acostumado às plateias exigentes. A atuação transformou a parceria em namoro na vida real. O namorado está indicado a prêmios.
Com quase três horas, "Cabaret" tem casa lotada sempre e é uma superprodução à altura da Broadway e de Londres, onde se firmou. É mais conhecido pelo famoso filme de Bob Fosse, estrelado por Lize Minnelli.
"Cabaret" fica em cartaz até junho neste endereço, segue para uma temporada popular no Teatro Procópio Ferreira e depois sai em turnê pelo país.
É dirigido por Possi Neto e tem adaptação de Miguel Falabella.
Roteiro recomenda. Quando for ao Rio não perca.
Para jantar depois do espetáculo, ou tomar uns bens arrumados drinks antes, a boa é o Complexo Lagoon, na Lagoa Rodrigo de Freitas, defronte da sede do Flamengo, na Av. Borges de Medeiros, nº 1424(antigo Estádio do Clube de Remo).
Amplo, abriga cinco restaurantes tradicionais (e excelentes) da cidade, que desfrutam do mesmo terraço com a deslumbrante paisagem da Lagoa.
Os restaurantes são o Giuseppe Grill Mar, Quadrifoglio Café, Gula-Gula, Pax Delícia e o San Remo. Se nenhum agradar, procure um divã.
Com decoração moderna, o espaço é ideal para qualquer hora, almoço, início de noite e, claro, um jantar enamorado.
A cidade ganhou mais um espaço em seu já interminável cardápio de bom gosto.
O complexo tem ainda cinema e casa de espetáculo.
De lá para o teatro você pode  ir andando e fugir do trânsito.
Cláudia Raia em "Cabaret"(O Globo)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Papai, ligue o rádio!

Se o blog é Roteiro da  Emoção, vamos a ela. Sem medo. Sem prevenção.
Insisto que o bom de ser torcedor é a euforia. O contrapeso é a frustração da derrota.
Mas como ter a primeira sem o risco da segunda?
E mais. A espera alimenta a boa ansiedade, aquela que faz a semana ser interessante. Bem vinda.
Hoje, neste momento, intervalo do trabalho para o  almoço, já teve sua metade consumida.
Assim, falta o resto de hoje, a terça inteira e o tempo do sol na quarta, pois  a emoção começa às 19h30, no Engenhão.
Estou com um palpite, ou melhor, uma sensação. E é de euforia.
Impossível não se lembrar da final da Libertadores de 2008, sobre a qual escrevi o post "Papai, por favor, desligue o rádio", em que confessei a frustração do jogo contra a LDU.
Do mesmo jeito de agora, estávamos em desvantagem. Pior  até.
Uma campanha, "Eu Acredito", chegou às redes sociais e envolveu tricolores e outras torcidas.
Desta vez bastam dois gols. E não levar nenhum.
Não sei se vai haver outra campanha. Mas eu mais que acredito. Estou confiante. Mesmo.
Vamos classificar e bem. Ganharemos com o placar necessário. Jogaremos como nunca.
Firmes na defesa, lépidos no ataque, com direito a golaço, emoção, atos e gestos de guerreiros.
O Boca não vai entender o que houve. Será sufocado. Não terá chance. Seremos impecáveis como no jogo de 4 x 1 contra o Botafogo.
Será uma grande noite. Linda. Noite de Chelsea. Festa dentro e fora. Bares tricolores comemorarão noite adentro.
E, assim sendo, queridos torcedores dos outros times, colocaremos a mão na Taça para não mais largar.
Fluminense será campeão antecipado na quarta-feira.
Mais um “jogo para sempre”.
Papai, deixe o rádio ligado.
"Assim será" ( foto sportv)
                               

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Juventude e ternura", com Wanderléia e Anselmo Duarte.

Foi por acaso. O vício do cinema me fez procurar alguma atração na TV, às nove horas da manhã de domingo, dia da final do carioca. Acordei cedo no dia das mães por bons motivos.
Telecine me oferece,  assim como quem não quer nada, um filme que já havia começado, talvez cinco minutos.
Rio, final da década de 60. "Epa, espera aí. Conheço esses dois"!
"Juventude e Ternura"(1968) era inédito para mim.
A protagonista, Beth, era interpretada por Wanderléia, que fazia o papel dela própria, bem no início de sua carreira.
O galã Anselmo Duarte, um produtor contrabandista e mais velho, descobre e lança a "ternurinha", com direito, claro, a se apaixonar pela garota que poderia ser sua filha.
De contemporâneo, a corrupção do descobridor de talentos, sócio de um Jorge Dória chefão da organização, que contrabandeava uísque. Vendiam para as boates do Rio o malte nacional com rótulo estrangeiro. Pouca coisa mudou.
O roteiro de Braz Chediak, parceiro de Nelson Rodrigues, Doc Comparato e Gilvan Pereira em "Bonitinha mas ordinária", é simples e de época.
Wanderléia, muito jovem, é uma cantora bonitinha, ingênua, mas que já levava seus fãs para os aeroportos, quando chegava para os shows, transmitidos ao vivo pela TV.
A história cantarola por Recife, sem arranha-céus (muito poucos) e uma Salvador provinciana, além da própria cidade do Rio de Janeiro. 
O que encanta, na verdade, não é a história, a malandragem mal terminada do produtor corrupto, a paixão da estrela pelo seu compositor preferido, nada disso.
É a memória da época, os passeios de fusca, os aviões da Cruzeiro do Sul, a capa da Manchete, um Galeão modesto, o Rio mais do que nunca romântico, musical e com uma Barra da Tijuca que ainda não era.
Gostei da atriz, dirigia por Aurélio Teixeira.
O filme tem ainda Jorge Dória, Ênio Gonsalves, Bobby di Carlo, Cyl Farney, Amilton Fernandes e Roberto Maya entre outros.
Fiquei emocionado com a "juventude" e a "ternura" daquele tempo. Aliás, sinto isso o tempo todo.

Reveja(ou veja):

 http://www.youtube.com/embed/FDbcI7bPYPw



                                    

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Às favas com a cautela. Viva a euforia!


Um amigo das redes sociais me disse ontem que eu era um fanático pelo Flu. No contexto, foi uma declaração simpática. Não uma crítica.
Realmente, eu não sou fanático, do jeito reprovável de ser.
Ganhando ou perdendo o Fluminense, eu não deixo minhas rotinas, não perco o sono, não choro.
Já chorei de alegria em vitórias memoráveis, nunca de tristeza ou raiva, inconformismo.
Mas sou fanático em viver a euforia, educada, gentil, bem humorada, das grandes vitórias.
E ontem, 06/05/2012, foi uma grande vitória.
Um jogo memorável. Um “Jogo para Sempre", como definiu uma série de TV, que reprisava jogos históricos.
Um jogo impecável. Não acho outra palavra, impecável.
O gol do Bota, logo no começo, foi claramente um gol de sorte, que no mundo das peladas receberia outro nome.
A partir de mais um pouco de tempo, o Fluminense começou a controlar o jogo e ir à busca do justo empate.
Aí começa o "impecável".
Gol de bicicleta, linda, perfeita, pelos pés do capitão Fred. Golaço... aço...aço, como diria Jorge Curi.
Jogo virado, troca de campo e o "impecável" continua.
Bota perde a cabeça e tem jogador expulso. Sorte ou azar, nunca se sabe.
Mais um pouco do show e Deco dá um passe de mágica, que nem Pelé fez para Carlos Alberto chutar “impecavelmente” o quarto gol contra a Itália, em 1970.
Calma, longe de comparar Deco com Pelé, o Capita com Sóbis.
O que me lembrou do lance do México foi a precisão, a certeza de Deco que a bola chegaria exatamente e na hora certa nos pés de Rafael Sóbis. Sincronia perfeita. Lance de placa. Rafael, sabendo o que ganhara de presente, chuta como manda o almanaque. Outro golaço para Jorge.
Coração batendo firme, alegria encharcando a alma, inquietação eufórica e vem o gol impossível.
Novamente um passe de amigo (Thiago Neves) e Sóbis faz um gol impossível, quase sem ângulo, dá um toque de sinuca na bola. Breve segundo de suspense, mas ela cai na caçapa.
Caberia a um garoto, Marco Jr, entrar para a festa também, em sua estreia logo na primeira decisão da vida, após tabelinha com participação de Deco e Fred.
Belo quarto gol. Vitória insofismável. Retumbante. Implacável e impecável. Essa palavra não me sai do sorriso.
Estado de graça. Euforia pura. Piadas educadas no blog. Gozação para os adversários. Inquietação saudável numa noite de domingo.
Na entrevista de Abel, o treinador feliz diz que não ganhamos nada e que a euforia deve ser controlada. Equilíbrio, pede ele.
Ora, ora, meu caro Abelão.
Às favas com a cautela.
Viva a euforia até o próximo domingo.

                                                  
 Este post foi dedicado aos flamenguistas e aos "Vice para Sempre".

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Sete dias com Marilyn" já é quase o bastante

Eu gosto de gente que ganha a vida com seu talento. Não importa muito a atividade, nem precisa ser uma caminhada solitária, até porque ela não existe.
Prefiro e admiro mais ainda se o roteiro for desvinculado do mundo burocrático.
Por isso, interessa-me, muito, biografias destes vencedores, tenham vida longa ou curta, ou daqueles que trouxeram mudanças, bagunçaram costumes, remexeram cotidianos.
A história de Marilyn Monroe sempre me despertou curiosidade. Não só por ser diva, símbolo sexual, loura, sedutora e conquistadora de homens, até presidentes.
Mas por ter sido uma criança sem amor, quase sem mãe e totalmente sem pai, que ela nunca soubera quem foi.
Sua trajetória esplendorosa ou triste, estrelar ou medíocre, conforme o olhar, foi marcada pela infância capenga. Entender o sofrimento e vícios que se escondiam na atriz sedutora é aprender a importância de amar e cuidar bem dos filhos.
Marilyn nunca soube o que era amor "dos pais" e, depois, nunca foi amada sem ser vista como um mito.
O filme "Sete dias com Marilyn" (EUA/Reino Unido - 2012) consegue explicar sua vida, relatado pelo assistente de produção Colin Clark (Eddie Redmayne)  que se envolveu com ela, apaixonou-se e viveu a melhor semana de toda a sua vida ao lado da atriz, em 1956.
São revelações recheadas de sensibilidade, vividas por um jovem de 24 anos, justificadamente seduzido e encantado por uma mulher de 30, que para seu azar (ou sorte), era a própria, à época casada com o dramaturgo Arthur Miller. O casal estava em lua - de - mel na Inglaterra durante as filmagens.
Além do mito, o filme nos permite, especialmente aos cinéfilos, mergulhar nos bastidores de um longa dirigido por Laurence Oliver (Kenneth Branagh), “O Príncipe Encantado”, e o complexo mundo da indústria do cinema nos arredores dos anos 60. Extraordinário, esse aspecto.
Há muito escrito, gravado e  especulado sobre o mito.
Em 2011, a Globo News apresentou uma série completa sobre Marilyn Monroe.
Imperdível.
O filme, contudo, usa o próprio argumento do cinema para nos acrescentar mais ainda sobre a intensa e curta( ela morreu em 1962, aos 36 anos) vida da mulher mais instigante do cinema e, quem sabe, de todo o século 20.
Marilyn é interpretada pela convincente Michelle Willians( Namorados para Sempre/
Ilha do Medo)

Colin Clark escreveu o livro "Minha semana com Marilyn", lançado no Brasil em 2000, que inspirou o filme. Ele  morreu em 2002, na cidade de Londres.

O Diretor é Simon Curtis, um desconhecido até ser também atraído por Marilyn.
                                              
Marilyn e Colin Clark, em cena do filme
                                                                                

                                           

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A primeira receita de Roteiro, dedicada a Sérgio Abreu



Receita de uma Moqueca “Suave” de Robalo
Ingredientes para cinco pessoas


       1-  Dois kg de robalo fresco cortado em postas.
       2-  Duas cebolas, cortadas em rodelas.
       3-  Dois tomates, cortados em rodelas.
       4-  Dois pimentões (vermelho e amarelo), cortados em rodelas.
       5-  Duas cabeças de alho picadas
       6-  Cheiro verde  e cebolinhas picada
       7-  Dois limões
       8-  Sal a gosto
       9-  Uma caixa pequena de leite de coco
       10- Duas colheres de sopa de dendê.
       11- Azeite de oliva extra virgem
       12- Duas colheres de sopa de extrato de tomate
       13- Um bom CD de jazz clássico
       14- Vinho tinto seco.

       Aqueça a panela e regue com azeite. Coloque as postas em camadas, alternando com as rodelas de tomate, cebola e pimentão.

Acrescente o molho de peixe (resultado da marinada e acrescido de duas  colheres de  extrato de tomate), salpique o alho, regue com mais um pouco de azeite, duas colheres de sopa de dendê e o leite de coco.

Após o tempo necessário para o peixe cozinhar até o ponto ideal, apague o fogo e acrescente o cheiro e a cebolinha, e vá fazer os acompanhamentos: arroz soltinho e pirão.

O som deve ser ligado logo no início dos trabalhos.
Abra um vinho tinto seco de sua preferência (gosto de encorpados) e vá bebendo, sem pressa, durante a preparação da receita.

OBS: A receita é de uma MOQUECA DE ROBALO SUAVE. Por isso, pouco dendê e leite de coco, e nenhuma pimenta. Deixe que ela seja acrescentada durante a refeição a gosto do freguês.

Considero o robalo, o jazz e o vinho degustado indispensáveis para o resultado obtido.

Durante a refeição, beba o vinho que preferir. Há uma lenda de tomarmos vinho branco quando o prato é bicho do mar. Não sigo à risca essa recomendação, mas um vinho português verde pode ser uma opção.  Até uma isolada dose de  boa cachaça regional é alternativa para abrir os trabalhos à mesa.

Nada disso, contudo, alterará a moqueca se as dicas forem seguidas.

Bom apetite, e aceito convite para provar.

sábado, 28 de abril de 2012

Robalo ao jazz e um sonho de valsa

O som do jazz clássico invadia a cozinha.
Atenuava o aroma forte das cebolas e o cheiro do "cheiro".
Rosane escolheu carinhosamente a receita, a partir da chegada de um punhado de robalos quase frescos.
Eles não são frequentes em nossa cozinha, mas foram escolhidos para substituir a pescada maranhense em falta por aqui. Fazer o quê, como se diz.
Decisão tomada: sábado de moqueca.
A  "chef" foi logo dizendo que a vez era da dona da casa.
"Epa", disse eu com autoridade duvidosa: eu vou auxiliar.Preciso aprender. Venci.
A "chef" foi me dando ordens e se queixando do amadorismo. Prometi obedecer.
Essa tal de "chef" é a Valdenira, chamada de "Dica" por uma criança de nossas amorosas lembranças dos anos 80, hoje uma mulher, a Talita.
As irmãs e nós adotamos o nome pequeno e carinhoso. Virou identidade.
Dica não é chef, nem governanta, nem empregada, nem secretária.
É a quinta mulher da casa. Suas opiniões se tornam quase sempre roteiro. Sua generosidade e companhia fazem nosso dia-a-dia saboroso em todos os sentidos.
Compartilhamos tudo com ela. É filha igualmente, sempre que aceita.
Vivo  repetindo, com extrema humildade, que não somos felizes sem ela.
A moqueca foi tomando jeito, apesar de minha execução. 
As postas de robalo, tomates, cebolas, cheiro, cebolinha, dendê, leite de coco e outras coisas foram se reunindo com sentido e ordem.
Pouco tempo depois, senti-me o máximo, aluno obediente, orgulhoso.
Provamos juntos, eu e Dica. Otimismo. Corajoso, eu disse que estava fantástico. O entusiasmo é um defeito próprio.
Dica sorriu, mas não tomou providências extremas.
A resultado ficou lindo. Coisa de profissional. Arroz soltinho e pirão clássico se juntaram depois.
A receita da mulher principal ficou supimpa.
A moqueca ficou suave.
Um sonho de valsa gelado, obra de Tamires, encerrou uma mesa de família num sábado quase comum.
OBS: Recomendo, na receita, o jazz clássico. Acho que é o segredo.


                                   
Robalo em moqueca