quarta-feira, 27 de abril de 2011

Papai, por favor, desliga o rádio!


Eu aprendi a torcer pelo Fluminense em 1969. Tinha, à época, nove anos. Meu querido pai, Douglas, ouvia os jogos de futebol em um rádio “transglobe”, de 12 faixas.
Ouvíamos, nas tardes de domingo, a rádio Globo, acompanhando Valdir Amaral, Jorge Cury, João Saldanha, Luís Mendes, Mário Viana, entre outros.
Em um desses dias, acompanhei um Fla X Flu pela final do Campeonato Carioca de 1969. Ganhamos de 3x2, com o último gol do centroavante Flávio.
Apaixonei-me  pelo time campeão: Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Denílson e Didi; Cafuringa, Samarone, Flávio e Lula. O atacante Cláudio Garcia entrou jogando a final, lembrar-me-ia o jornalista José Trajano (ESPN), numa tarde de bate-papo em Johanesburgo, durante a Copa da África do Sul.
Trinta e nove anos depois eu vivi um dos momentos mais marcantes da minha vida.
Estava lá, no Maracanã, dia 02/07/2008, não mais aquela criança de nove anos do famoso Fla X Flu, mas um homem de 48 anos, com os mais genuínos sentimentos infantis, graças a Deus! O jogo do século para o Fluminense: final da Libertadores 2008 contra a LDU, do Equador.
O dia transcorreu como se houvesse algo extraordinário para acontecer naquela noite.
O movimentado centro, lá pela altura da Avenida Presidente Vargas, parecia viver um frenesi diferente. Não era o habitual, da pressa e do trânsito estressante de todos os dias. Era diferente. As pessoas estavam tolerantes, passando um dia que não as faria reclamar, pois à noite algo muito bom estaria para acontecer. Acreditem, até os flamenguistas deviam estar ligeiramente ansiosos.
Nesse clima, peguei um táxi para ir ao Maracanã às sete da noite. O motorista, rubro-negro confesso, revelou que aquela seria sua última corrida. Iria para casa, no Rio Comprido, assistir ao jogo e evitar uma noite de engarrafamentos e disse, timidamente, que não ia torcer contra o Flu.
No caminho, pensei naquela criança do Fla X Flu de 69, tão cheia de fantasias e sonhos.
Eu estava cheio de sonhos, de alegria, de expectativa do mesmo modo quando me preparava para ouvir os jogos.
A demora em chegar ao estádio não me importava. Havia tempo. Aproveitava para ver os carros que desfilavam cheios de torcedores satisfeitos. Ninguém reclamava. Uns davam a passagem, outros faziam sinal de vitória. Nas janelas dos prédios, as bandeiras do Flu pareciam saudar e aplaudir a romaria.
Quando entrei no Maracanã, em meio a uma multidão de homens e mulheres que pareciam ser de uma única família com milhares de casais, pais, filhos, mães, noras, netos, avós e crianças de nove anos, disse para mim mesmo: Meu Deus, só há um time no mundo. Tudo e todos são tricolores.
O espetáculo de alegria, criatividade, cores, fogos, energia  e confiança que antecedeu ao jogo faria aquela criança do Fla X Flu entrar em êxtase. Mas, quem sentiu uma força e emoção diferentes, inesquecíveis naquela noite, foi um marmanjo, como se costuma dizer.
Não cabia em mim mesmo por estar ali, torcedor de uniforme, testemunha ocular de uma noite que poderia não se repetir  tão cedo  e na qual  todos só tinham uma única paixão.
O jogo? Ah, o jogo não importava muito. A noite sim, essa importava.
Como fazer o tempo parar e não sairmos mais daquele estádio? Que mágica  a criança de nove anos teria que fazer para a vida transcorrer apenas ali com as cores, os cantos da torcida, os fogos e a névoa de pó de arroz?
Foi o que pensei: será que esta noite precisa terminar?
Mas...
Após o mais ensurdecedor e agonizante silêncio que sucedeu à perda do último pênalti, ressurgiu uma criança  apavorada.
Onde estava meu pai naquele momento para desligar o rádio?
O que fazer agora? Para onde ir? Como  fazer o tempo voltar e  aquelas bolas entrarem no gol, uma cobrança de pênalti atrás da outra?
Meu Deus, o que houve? Não era este o final combinado.
Pelas ruas que cercam o Maracanã vi grupos de pessoas, famílias inteiras sentadas, silenciosas, algumas crianças de nove anos chorando e pedindo ajuda a seus pais. Vi casais abraçados na tristeza, olhares perdidos, vi sonâmbulos em busca da esquina que lhes indicassem o caminho de volta, vi o nada, não vi nada.
Por um instante, eu também não sabia como voltar para casa, verdadeiramente.
Atônito, esqueci o caminho para a Rua Bom Pastor onde estava hospedado. Fui junto com meus primos Rafael e Tiago, e o meu querido amigo Rodrigo que veio de São Luis com sua bandeira de sempre, para um lado e para o outro. Estávamos perdidos. Não sabíamos o que fazer.
A cidade sumiu, não havia táxi, nem ônibus, nem metrô, só um vazio.
Na manhã seguinte à noite que não queria acabar, e talvez nunca acabasse, encontrei outros homens e mulheres sobreviventes. Estavam vestidos com a camisa tricolor na fila do check-in do Galeão.
Nós nos vimos com olhos que pareciam enxergar só para dentro, para nossas memórias daquela noite.
Mas aqueles torcedores, de repente, talvez pela resignação vestida de uniforme, moveram minhas emoções.
Estamos vivos! Olha o verde da esperança, uma das três cores. Olha o orgulho de carregar a bandeira para casa, de voltar ao avião para a uma viagem triste, mas que nos levará de volta à vida, aos sonhos, à magia de novos gols, à certeza de que o Fluminense é eterno e grande!
Grande, como foi em toda a Taça Libertadores, sempre a frente da tabela, com gols no último minuto, viradas históricas e comovendo o país com a campanha “Eu acredito”, que uniu torcedores em todo o Brasil.
Chega! Aquela noite ficava para trás. 
O mundo começava a fazer sentido de novo.
Camisas e bandeiras tricolores voltavam a encantar com a harmonia das “três cores que traduzem tradição”...
“Sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão...”, lembrava-me o nosso hino.


*Compartilho este roteiro inesquecível e rabiscado originalmente em 03/07/2008, durante o voo do Rio para Brasília, estimulado que estou pela disputa da atual Libertadores.





segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fotografias da paixão

O livro de fotografias "Torcedor Fan”, produzido pela GLOBOSAT/ PFC (Editora 7 Letras), com textos de Luís Fernando Veríssimo e Carola Saavedra e fotos de vários talentosos retratistas, toca a alma, especialmente dos torcedores apaixonados por futebol, frequentadores de estádios, loucos e incompreendidos.
Vi-me e a toda a  minha vida, da infância até os dias atuais.
Os autores identificaram os sentimentos mais comuns, classificando as fotos.
Há alegria, paixão, angústia, fé, tristeza, sofrimento, união e muito, muito mais aspectos de emoções que fazem deste esporte algo inigualável, arrebatador, absolutamente único e desprezado por pessoas que eu não compreendo.
Bandeiras, faixas e tambores desfilam juntos pelas  cadeiras de um  santuário ou de um palco de teatro ao ar livre. Arquibancadas ou palcos, plateia ou artistas? Quem se arrisca a definir este jogo?
Todas as idades sofrem ou se alegram nas fotos em preto e branco. Há meninos inconsolados, mulheres em êxtase, torcedores líderes, muitos anônimos, famílias inteiras felizes ou despedaçadas e há, também, um radinho de pilha  de dar dó, que se mistura às marcas da vida e à aflição do jogo, visto e ouvido pelo mais importante de todos os torcedores.
Os textos são deliciosos, mas apenas coadjuvantes. É melhor ler as fotos.
A fotografia consegue registrar aquilo que só nós, torcedores, sentimos.
Ninguém mais.

Esta pequena mostra é dedicada a Alan , Camila , Mauro Saldanha, Thiago, Rodrigo, Tamires , Léo, Rafael , Márcio e Fausto Vasconcelos.





sábado, 23 de abril de 2011

Yuri Gagarin e os "Sinais" da invasão da Terra

Yuri Gagarin(Rússia-1934/1968) foi o primeiro homem a ir ao espaço há 50 anos, completados dia 13 de abril deste ano.
A corrida espacial ali iniciada inspirou o cinema e a televisão mundo afora, sob a inquietação da ficção científica e da busca incessante de encontrarmos novos vizinhos espaciais.
Há o clássico “ET”, “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, a saga de “Jornada nas Estrelas”, entre outros. Quem não se lembra de “Perdidos no Espaço”,uma série de TV que nos dava prazer e medo?
Gosto muito de um filme  pouco lembrado, embora dirigido pelo diretor indiano M. Night Shyamalan, indicado ao Oscar com “Sexto Sentido” (EUA-1999) e que tem dois atores notáveis: o conhecidíssimo Mel Gibson e Joaquim Phoenix (Gladiador/Brigada 49/Johnny e June/Amantes) com seu carisma imbatível.
Granam Hess (Mel Gibson), um pastor cansado de Deus após a morte trágica de sua mulher, cuida zelosamente de seus  dois filhos, em uma propriedade rural nos EUA, quando alienígenas invadem a Terra.
Um filme de ficção cientifica/suspense, vamos assim dizer, muito bem cuidado.
O inverossímil da invasão fica em segundo plano.
“Sinais” (EUA-2002) é marcado pelo suspense, uma especialidade de Shyamalan, jovem diretor que se inspirou  no gênio Alfred Hitchcock.
Um dos melhores momentos é uma cena de suspense magnificamente tensa, marcante, sufocante e que não se confunde com as mesmices das séries de terror clássico, previsíveis. A melhor que a minha memória guardou com emoção nos últimos dez anos, pelo menos.
Veja com seus próprios sentidos.



quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um ladrão esperto em Manhattan

“O Plano Perfeito”(EUA-2006) é um daqueles filmes que classifico em “Cinema ainda é a melhor diversão”.
É um assalto a banco diferente. Ousado, inteligente, frio, surpreendente e o “bandido” é simpático, até sedutor.
Três atores experientes e indiscutíveis nos causam uma tensão agradável e interpretam como em seus melhores filmes, marcados por indicações e prêmios.Clive Owen(Closer/Rei Arthur),Denzel Whasgnington(Nova York Sitiada/Dossiê Pelicano) e Jodie Foster(Taxi Driver/O Silêncio dos Inocentes/Quarto do Pânico).
Spike Lee(Malcolm X / Faça a Coisa Certa) dirige o filme com o cuidado de um investigador e não deixa de lembrar temas sensíveis em meio a um enredo "policial".
É filme para divertir e para não se esquecer.
Nova York e Manhattan são o ambiente ideal para o enredo. Os crimes da telona gostam da cidade e de seu bairro mais famoso.
A polícia tem que "se virar", como falamos comumente aqui.
Prepare-se!

O "Unicórnio de Porcelana" que resistiu ao nazismo

Unicórnio de Porcelana(2010-Alemanha)
O concurso de curta-metragem "Philips Tell It Your Way" de 2010 teve 6 linhas de diálogo padronizado.
O diretor Keegan Wilcox criou "Porcelain Unicorn" e com ele venceu o concurso.

http://www.youtube.com/watch?v=Xbh5E-uZers&feature=related



Colaboração de Eliana Leonir(DF)

terça-feira, 19 de abril de 2011

"Tudo em Família" na páscoa

"Tudo em Família” (EUA-2005) é definido como uma comédia, mas  considero um excelente e suave drama.
Traz a vantagem de abordar  tema universal e cativante: o aconchego de uma família comum de classe média, que vive seus dramas e alegrias com  tolerância, além de  um apaixonante dia-a-dia entre pais, filhos e irmãos que se respeitam. Até os momentos mais difíceis e duros encontram consolo.
Diane Keaton (Alguém Tem que Ceder/Uma Manhã Gloriosa) está brilhante como sempre no papel de  mãe presente e companheira, exemplar no amor e na maior e definitiva dor.
Sarah Jessica Parker (Sex and The City/Armações do Amor) interpreta a noiva de um dos filhos, Dermont Mulroney (O Amor pode dar Certo/Queime depois de Ler). Sua personalidade difícil incomoda à família, dificultando sua adaptação. Uma visita à casa dos pais do noivo, às vésperas do Natal, conduz o roteiro e a trama.
O filme é um irresistível convite à vida em família. Um bom programa para o feriado da Páscoa.

domingo, 17 de abril de 2011

Turu, turu, turu...

Maria Gadú é uma síntese. 
Se pudéssemos, como um escultor de vidas, esculpir mulheres-meninas para transpirar poesia delicada, sutil e arrebatadora, no final ela surgiria naturalmente.
A criatura fugiria do controle do seu criador.
Gadú se agiganta e ocupa os espaços.
A menina nos submete e nos aprisiona quando põe o violão sobre o colo.
A capa do seu DVD "Multishow ao Vivo Maria Gadu" quase não tem nada escrito, além do nome de algumas músicas e itens extras. Só.
Mas não precisava mais. Como a própria, basta assistir.
Há um momento sublime no espetáculo.
Ao cantarolar "Quando você passa"(extras), ela é surpreendida por Sandy, que lhe faz companhia no palco e, então, a gente sente um turu, turu, turu...

sábado, 16 de abril de 2011

Que tal um roteiro de emoções na Estônia?

O blog recebeu ontem, dia 15/04, às 23h50min, o seu milésimo acesso.
Não sei se é muito, se é o esperado ou se é pouco, considerando o tempo de vida, exatos dois meses, e as pretensões simples e modestas que nos motivaram.
Mas estou muito honrado dos seguidores e amigos que acompanham este início e que nos incentivam com todos esses acessos e comentários.
Pesquisando sobre os últimos cinco acessos até atingirem o de número 1.000, descobri que o último relatado pelas estatísticas foi feito da Estônia.
Roteiro já tem amigos nos EUA, Canadá, Reino Unido, Portugal, Hungria, Austrália, Singapura, Indonésia, mas não pretendia tanto. Acidental ou não,foi uma honra por ocasião do milésimo “gol”.
Você conhece ou já ouviu falar da Estônia?Sabe onde fica? Quem é seu povo?Deixo a curiosidade com você.
Procurarei aperfeiçoar mais ainda o blog e seguir o principio de escrever sob emoção, sempre.
Você está gostando do blog? Tem sugestões?
Tenha um bom descanso e espere nova dica a qualquer momento.




sexta-feira, 15 de abril de 2011

O insensato coração que se inspirou num amor sem escalas


Roteiro da Emoção não pretende fazer críticas técnicas. Mas, ao sugerir filmes, por exemplo, estimula reflexões, chama atenção para situações curiosas e fatos interessantes.
O capítulo da novela “Insensato Coração” (Rede Globo-Brasil) da última terça-feira, dia 12/04/2011, repete uma cena marcante do filme "Amor sem Escalas” (EUA-2009), estrelado por George Clooney (Mar em Fúria/Doze Homens e um Segredo/Conduta de Risco), Vera Farmiga (A Órfã/O Menino do Pijama Listrado) e Anna Kendrick (Eclipse/Crepúsculo/Lua Nova).
O filme tem minha preferência por conduzir dois temas interessantes de modo divertido e suave, comum às comédias românticas ou dramas leves: a vida dos workaholics e o desgaste das demissões nas grandes corporações.
Originalmente neste filme, é a executiva, Alex Goran, que trai seu marido, protegida pelas viagens mundo afora, fato que causa enorme decepção ao seu amante, Ryan Bringhan, outro viciado em trabalho. A frustração é absolutamente semelhante à experiência que vive Teodoro (Tarcísio Meira) na novela. Após muitos encontros e um pedido de casamento interrompido, ele descobre que a amada, Gisela (Ângela Vieira), é casada, mora em uma bela casa, tem marido e filhos que formam uma família "quase perfeita".
A cena em que Teodoro bate à porta  e é recebido por uma desconcertada mãe, acompanhada de seus radiantes pimpolhos, é  igual à da telona,com disfarce pouco sutil.
Este não é o aspecto mais importante do filme, mas a "coincidência" merece destaque.
A vida do executivo viajante, que tem que demitir pessoalmente os funcionários de várias  empresa, é o tema central do enredo.
"Amor sem Escalas", dirigido pelo canadense Jason Reitman, venceu  o Globo de Ouro de 2010 como melhor roteiro."Juno”(Canadá/EUA-2007), outro filme premiado de Jason, recebeu o Oscar de melhor roteiro original em 2008. É o diretor, também, de "Obrigado por Fumar” (2006-EUA).

Abaixo você pode ver a cena da novela.Em seguida, veja o filme,divirta-se e compare.

http://insensatocoracao.globo.com/capitulo/marina-e-pedro-trocam-juras-de-amor.html#cenas/1482526

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aracaju e a Praia do Peixe-Boi



Muito pouco se fala de Aracaju, capital de Sergipe. O menor estado brasileiro e seu pequeno litoral ficam assim meio escondidinhos entre a Bahia e Alagoas. Isto torna sua capital um tesouro a ser descoberto.
Vivi oito meses em Aracaju e costumo dizer que foram alguns dos meses mais felizes de minha vida e parte dessas lembranças para sempre foram causadas pela cidade.
É a capital nordestina de melhor qualidade de vida, pois tem tudo de bom de uma cidade pequena (460 mil habitantes, aproximadamente) e aquilo que é bom em uma cidade grande. Uma combinação perfeita, temperada por um povo carinhoso, amável e orgulhoso de seu pedaço de mundo.
Tem a orla mais bem estruturada daquelas bandas, com uma infraestrutura turística de dar inveja. Pode-se comer um marcante e nativo caranguejo, apreciar um cardápio italiano delicado, cozinhas alemã, oriental e regional, é claro, ao lado de quadras de esportes, oceanário, pista de kart, área para aeromodelismo, tudo muito pertinho do centro e dos hotéis.
Foi lá que convivi, pela primeira vez, com supermercados abertos 24horas e que entregam suas compras em casa. Para um nordestino de São Luis (MA) e que nunca vivera fora, foi uma surpresa.
O planejamento da cidade, algo raro no país, permite um trânsito confortável para os padrões das capitais e faz a cidade ficar perto de você.
Mas há outros encantos a pouco mais de 70 km da cidade. Por uma boa estrada, chega-se à fronteira com a Bahia, sentido litoral sul, numa praia apontada entre as 100 mais bonitas do planeta, apelidada de Praia do Saco.
Para a publicação francesa Grands Voyageurs, está entre as quatro mais bonitas do Brasil, ao lado das cearenses Jericoacoara e Morro Branco e dos famosos Lençóis maranhenses. Um paraíso em meio a uma combinação do rio Real e o mar, com enseada calma e aconchegante. De lá, avista-se o município de Mangue Seco (BA), eternizado pelo livro  "Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e pelas gravações da novela e do filme.
Para minha filha Tamires e nossa amiga Valdenira, o local também pode ser chamado  Praia do Peixe-Boi.
Acredite se quiser, mas trocamos carícias com esse peixe engraçado, pacífico e tolerante, de pele enrugada. Em um dia de carência, talvez, enroscou-se conosco na beira do mar de forma gentil.
Disseram-nos que chegou ali fazia algum tempo, costumava passear pela enseada e fazer amizades.
Francisco Andrade, fraterno amigo de Aracaju, avisa-me que o mar começa a encolher a praia. Então, se gostou, não demore a programar este roteiro.

 


terça-feira, 12 de abril de 2011

Os Gritos do Silêncio

Roteiro da Emoção é um blog de boas mensagens que tragam alegria, satisfação, prazer e que possam levar a um estado de emoções relaxantes, momentâneo que seja. Pretensiosamente, um roteiro para a felicidade.
O massacre de Realengo nada traz nesse sentido. Ao contrário, é um roteiro de terror.
A mídia noticia a cada instante informações sobre a tragédia. Análises, comentários, opiniões e sugestões não cessam. Algumas são precipitadas, outras bem intencionadas e muitas lógicas.
O blog, então, presta sua homenagem às crianças assassinadas, compartilhando alguma de suas emoções sentidas.
Ontem, domingo de futebol, quase em todos os estádios foram feitas homenagens. Algumas torcidas e clubes usaram camisas com nome das vítimas, times entraram em campo com faixas e um minuto de silêncio se repetiu antes das partidas.
Um minuto de silêncio como homenagem às pessoas mortas no início dos jogos de futebol é uma tradição. Quem frequenta estádios sabe disso. Mas, quase sempre, são ouvidas vozes, uma conversa ao fundo, um canto de torcida baixinho, algum alvoroço, ou até mesmo vozes de locutores.
Domingo não foi assim.
Domingo, dia 10/04/2011, foi um silêncio interminável e absoluto em um minuto longo, frio, dilacerante, detestável.
Um silêncio ouvido pela alma dilacerada pelo horror.
Ouvi-o atentamente e, como ele, chorei caladinho, sem o barulho do soluço.
Despercebido em seu alcance, talvez aquele minuto tenha sido a homenagem mais respeitosa e sincera de toda a semana.
Foi a mais ouvida.

Nota: O título deste post foi inspirado no filme inglês de mesmo nome, de 1984, sobre a guerra do Camboja.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Olhar de Sophia

Entre as preciosas fotos que o amigo Celso Veras (MA) generosamente mandou para os arquivos de Roteiro da Emoção, eu comento inicialmente esta.
À esquerda, a italianíssima Sophia Loren observando Jayne Mansfield (Pensilvânia-EUA), morta em um acidente de carro no Estado da Luisiana (EUA), 1967. Jayne, símbolo sexual dos anos 50, foi a primeira atriz a aparecer nua em uma produção hollywoodiana (Promises! Promises! -1963). Gravou, entre outros filmes, "O Beijo da Despedida" (1957), com Cary Grant, e "A Taverna Maldita" (1955), com Lee Marvin e Ella Fitzgerald. A Taverna retrata os anos da Lei Seca e tem uma bela trilha sonora bem jazzística, segundo a crítica.
Mas estas informações são apenas detalhes de uma biografia.
O valor da foto, tirada em uma das incontáveis festas do cinema americano da época, está no olhar de Sophia que, livre de um roteiro de filme, interpreta todas as mulheres diante da ousadia de Jayne. Há mais fotos desta festa, mas não vamos encerrar este roteiro de emoções hoje.
O flagrante eterniza este olhar e muito poderíamos escrever sobre ele. 

Sophia Loren e Jayne Mansfield
                                                    

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Bruna Surfistinha" é um filme que dói!


Eu estava na fila para comprar o ingresso quando passaram por mim duas lindas mulheres, 30 anos talvez, de mãos dadas como namoradas. Uma cena madura, contemporânea, que gostei de ver. A diversidade se impondo. Um mundo mais democrático. Mentes abertas. Pessoas felizes agora e que antes sofriam em seus esconderijos. Sei que ainda choca, mas eu gostei de testemunhar.
Foi nesse clima e contexto que entrei na sala para assistir a “Bruna Surfistinha” (Brasil-2011). Desprovido de preconceitos.
O filme é forte. Dói na alma humana. Dói para um pai de três filhas, que nem eu. Causa imensa repulsa às fraquezas masculinas, à hipocrisia de infelizes que passam horas em uma fila para “pegar” uma garota “gostosa”, que ficara famosa por seus dotes e criatividade. Um dos personagens chega a derramar sobre a mesa as “30 moedas” que poupou durante meses. Que papelão!
Entristece pela demonstração de “maturidade e força” que a jovem estudante de ensino médio retira de suas entranhas para “vencer” seus “traumas”, seja lá do que realmente ela se queixava. Não importa aqui encontrar culpados. O filme não é para isso.
Não me escapou, ainda, gesto repugnante de um jovem colega de turma de Raquel, que lhe atrai para estudar em casa e coloca na Internet humilhantes intimidades. Herói de seus colegas, ou da escola inteira, que não se cansaram de rir e humilhar a “vadia”, mas que nos faz pensar em que lamaçal de hipocrisia e falta de ética se refugiam moralistas canalhas e jovens ainda. O que realmente eles achariam das belas e felizes namoradas que me arrancaram respeito?
Mas é por tudo isso que eu recomendo o filme.
Enquanto essa tragédia humana nos persegue, é recomendável que alguém sinta indignação.
A Deborah Secco (Insensato Coração-novela em exibição na TV Globo) é uma atriz talentosa e de coragem. Faz um excelente trabalho, dirigida por Marcus Baldini.

domingo, 3 de abril de 2011

O Rio de Janeiro "continuava" lindo em 1936(versão para celular e tablet)

Este filme raro foi encaminhado ao Roteiro da Emoção pela amiga e seguidora Eliana Leonir (DF).
Com selo da  Metro Golden Mayer e gravada em 1936, é uma das poucas produções coloridas da cidade naqueles tempos.
Um simpático registro da história e de vidas anônimas.
Através do link abaixo você poderá acessar por sistema operacional IPhone,IPad ou similares:

http://www.youtube.com/watch?v=RqCyqDW6h7A

ATENÇÃO! AVISO AOS AMIGOS E SEGUIDORES DO BLOG

Alguns seguidores comunicaram ao Blog que não conseguem abrir o vídeo do post O RIO DE JANEIRO 'CONTINUAVA' LINDO EM 1936,publicado hoje,quando acessam de Iphone ou similares.
A equipe técnica de Roteiro da Emoção está buscando uma solução para o problema.

O Rio de Janeiro "continuava" lindo em 1936

Este filme raro foi encaminhado ao Roteiro da Emoção pela amiga e seguidora Eliana Leonir (DF).
Com selo da  Metro Golden Mayer e gravada em 1936, é uma das poucas produções coloridas da cidade naqueles tempos. 
Um simpático registro da história e de vidas anônimas.