sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Restaurante do Bira, em Barra de Guaratiba.

Saímos da Tijuca e optamos em ir ao nosso destino pela “Linha Amarela”, evitando o caminho mais tradicional pela orla.
A "viagem" demorou pouco mais de uma hora, mas foi tranquila. Passamos pelo Engenhão ainda vazio, aonde jogariam mais tarde Botafogo e São Paulo.
O Restaurante do Bira, filho da pioneira Tia Palmira, fica incrustado em uma pedra, na Barra de Guaratiba, ponto extremo da orla carioca, defronte da Restinga de Marambaia, reserva militar que os Presidentes do Brasil costumam escolher para as férias mais discretas.
É o próprio Bira quem pesca o cardápio de seus clientes.
Há anos que não visitava o restaurante. Mas o ambiente de cidade do interior me fez recordar rapidamente.
Para chegarmos às suas dependências, alpendres, escorregamos com segurança por um caminho estreito, penhasco abaixo.
Mesmo sendo já por volta das 16h, ainda havia a famosíssima lista de espera.
Para consolo, casais e famílias de turistas bebericando caipirinhas coloridas e pasteis quentinhos e apetitosos, que escondiam camarões, queijos e carne de siri.
O vento frio daquele domingo baixou a temperatura e o ambiente ficou mais ainda exótico.
Lá pelas seis horas da tarde, famintos e enrugados, sentamos numa mesa estratégica. Vista belíssima, com vegetação de mangue escondendo o início da esbelta faixa de areia que se alonga em direção às ilhas de Angra dos Reis.
As moquecas surgiram logo depois.
Robalo e camarões faziam um cardápio empatado, e ambos estavam bem acompanhados de arroz de primeira e uma farofa de estilo nordestino, firme e bem temperada no dendê. Eu diria...Com personalidade.
Diferente da mais comum, a moqueca de robalo, minha escolha, trazia o peixe quase inteiro, em duas partes. Macio, ele se misturava à vontade ao caldo. Supimpa. A melhor  dos últimos tempos.
Vinhos não é uma prioridade para o Bira, mas achei um Casilleiro del Diabo, talvez esquecido, que fiz me acompanhar. Deu certo. Foi tudo um domingo espetacular, familiar e saboroso.
Na próxima viagem ao Rio, deixe as tentações mais tradicionais e chegue com bastante fome ao Restaurante do Bira. Os preços são para “presidentes”, mas uma vez ou outra não vão lhe trazer arrependimentos.
Abre somente de quinta a domingo.
Foto de Oglobo.com

terça-feira, 18 de setembro de 2012

"O Exótico Hotel Marigold"

“O Exótico Hotel Marigold” (Reino Unido/2012) parece uma comédia para dar rizadas quando visto nos anúncios do cinema.
Até se ri, é verdade, mas é um drama também, trata de coisa séria e é mais um filme do novo mercado da terceira idade, embora eu ache uma chatice falar assim. Afinal, quantas elas são, as idades e suas fases? Eu, insisto, vou viver umas quatro.
O longa tem uma constelação de homens e mulheres da tal fase e um jovem muito promissor, o inglês Dev Patel (Quem quer ser um milionário), ainda na sua primeira etapa, dirigidos por John Madden(Shakespeare Apaixonado)
Ele é o "malandro" indiano que sonha em ser um bem sucedido dono de um hotel  para velhinhos endinheirados, ou não. Na verdade, é um “espertinho” merecedor de palmadas.
Entre seus hóspedes, há grandes atores, lendas bem conhecidas do cinema, como Judi Dench (Sonho de uma noite de verão/007 – Operação Skyfall).
Um grupo de ingleses aposentados, entre outros dramas, escolhe o hotel do espertinho para buscarem aventuras e sentido para suas vidas, se encontram em um aeroporto e entrelaçam suas histórias numa Índia tão caótica como todos dizem que é.
Entre decepções na hospedagem vivem situações definitivas, nos alegram e nos emocionam.
Um deles, interpretado pelo veterano Tom Wilkinson (Missão Impossível – Protocolo Fantasma) vai à busca do grande amor de sua vida e nos obriga a fazer uma pergunta:
- O amor tem sexo?
Boa viagem.
Um elenco de estrelas

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"Intocáveis" é imperdível


"Os Intocáveis" é uma série de televisão do EUA, exibida de 1959 a 1963. Foi baseada no livro de mesmo nome, de 1947, escrito por Eliot Ness e Oscar Fraley. Eu  não perdia nenhum capítulo da perseguição aos contrabandistas de bebidas, na época da Lei Seca americana.
Agora, um título parecido chega aos cinemas numa história de amor e amizade, bem dirigida, roteiro impecável e muito divertido. Mas o humor se equilibra na seriedade da história.
Driss(Omar Sy), um emigrante senegalês, tem uma vida restrita e repleta de drama familiar e confusões com a polícia. Aqui, o filme retrata um dos dramas da Europa nos dias de hoje.
Já Philippe (François Cluzet) é um aristocrata francês tetraplégico, que usa seu rico dinheiro para amenizar uma vida trágica.
O encontro de personagens tão distantes na vida real transforma a sessão de cinema num momento extraordinário para diversão e reflexão. 
O ator francês mais jovem surpreende, após  causar alguma inquietação no início, uma sensação de incerteza em cumprir sua missão. Depois, porém, se agiganta e junto com François compõe uma dupla encantadora em todos os sentidos. O veterano dá um show desde o começo.
Há na trama uma sensualidade tão discreta quanto estimulante, embora a sexualidade seja tratada com respeito merecido. Mas é presente a sensação que se verá uma cena de sexo, que nunca ocorre.
Li na crítica que tal encontro não ocorreria na vida real, mas esta dúvida é encerrada ao final.
Você irá lembrar, também, de Dustin Hoffman pela semelhança do ator francês que faz o aristocrata da dupla. Mas isso é apenas um detalhe.
"Intocáveis” (França/2012) é filme para prêmios, uma surpresa inusitada. É quase intocável, protegido de maus olhares.
A direção é de uma dupla de franceses, Eric Toledano e Olivier Nakache, desconhecida fora de lá.
É o segundo maior sucesso de bilheteria do cinema francês. E isso não é pouca glória.
Eu garanto diversão, emoção e reflexão, sob impacto, diante de tanto preconceito fora da tela.


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