sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mais um Oscar para Meryl Streep


Não me conformo com líderes de ferro. Homens ou mulheres. Recuso-me a aceitar as formas duras, impiedosas, humilhantes em que chefes "conquistam" respeito e admiração, mesmo que justificadas pela necessidade de enfrentar grandes desafios. Pior se for uma conservadora.
Quero ver o manual de gestão e liderança que recomende assim.
Margaret Thatcher foi uma Primeira Ministra desse jeito. E ainda começou uma guerra para defender convicções duvidosas e desviar atenção dos britânicos. Velha tática.
Mas Meryl Streep, uma dama do cinema, nos faz ser generosos e pacientes com uma idosa senil, em luta contra a memória retirante, os delírios constantes e o próprio passado. 
O filme "A Dama de Ferro"(Inglaterra-2011) nos brinda com importantes decisões de uma década de transformações na Europa e no mundo.
Mas a interpretação da atriz é maior que tudo. O filme é ela. Ela é o filme. 
O Oscar de melhor atriz lhe pertence, suave e incontestavelmente. Mais um.
A boa direção é da britânica Phyllida Loyd (Mamma Mia/2008).
Google Imagens

"Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil..."

O Carnaval do Rio de Janeiro voltou.
Fantasias na rua, entrando e saindo do metrô, desfilando pela orla, desafiando o centro repleto.
Democrático, simples, quente e diverso.
Ouvi gente de lá cantando até as delícias sertanejas. Nossa, que surpresa.
Em todo canto da cidade havia gente fazendo festa, tocando pandeiro, sambando, seguindo a banda ou apenas de mãos dadas, namorando.
Pequeninos, menores, maiores e outros com muitos, muitos carnavais.
Multidão que não conseguia se socorrer nos banheiros químicos. Que aperto.
A Avenida Atlântica, em qualquer dos dias, lembrava o último do ano, aquele tradicional dos fogos inteligentes.
Pernas que iam para um lado, outras que iam ao sentido contrário. Mas que nunca tropeçavam.
Parecia a tal da cidade maravilhosa.
Que bom!!

Bloco do Bola  Preta




quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A invasão das tilápias

André, o baiano, me convidou para almoçar no último domingo. Sugeriu o restaurante "Peixe na Rede", na quadra 406, Asa Sul, pertinho do Roteiro. Um lugar com esse nome é coisa de baiano, claro.
O ambiente é bom, espaçoso, decoração simples, mas aconchegante.
Pedi ao garçom uma sugestão de entrada. Ele foi rápido: quibe de tilápia com recheio de queijo.
Leve, aquele quibe falso, como provocou o Luiz Carlos Neves, prenunciava um excelente e animado almoço.
A surpresa é que o cardápio repetia uma palavra de cima a baixo e em todas as páginas: tilápia.
A casa é especializada neste peixe de água doce, trazido da África, e que se deu muito bem pelos rios e cativeiros do Brasil.
Quase todos os pratos da culinária dos famosos frutos do mar estavam convocados pela tilápia: filés, ensopados, empanados, muquecas, molhos com camarão, com shitake e mel, requeijão e banana,  queijo brie e alho-poró, laranja com amêndoas...
Confesso a minha surpresa em encontrar tal ousadia e perceber que a casa ficara lotada até o meio da tarde.
Mas o melhor, obviamente, foi a saboroso efeito da mistura do peixe com acompanhantes e temperos delicados. Experimentei ao molho de shitake com mel e farofa de nozes... Hum!!!
Coloque em  sua lista, daqui em diante, a tilápia, e troque o mar pelo rio.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"Os Descendentes" - mais que favorito

O Havaí sempre está entre os destinos que um dia “iremos” conhecer. Reúne os mistérios de ilhas do Pacífico, é o sonho dos surfistas de todo o  mundo, lugar das férias ou lua-de- mel inesquecível, um sonho para lá de americano. E, certamente, é tão belo quanto os filmes prometem. Montanhas e mar azul.
Mas é nesse cenário que “Os Descendentes” (EUA/2011) nos lembra de que paraíso não é um lugar, mas um estado de sentimentos. Ondas gigantes, praias sossegadas e hotéis de luxo podem, de repente, não representar nada.
Este filme entra à vontade na lista do Oscar 2012 e apresenta o seu protagonista como candidato  à estatueta também.
Ele é George Clooney (Amor sem escalas).
A jovem Shailene Woodley (mais conhecida de seriados de TV), que parece ser uma atriz veterana, nos apaixona pelo desempenho  ainda  aos 20 anos.
Mas, afinal, o que há no Havaí além do que os folhetos de agências de turismo anunciam?
Há um drama universal, contado de forma diferente (belo roteiro), embalado por uma trilha sonora local com a leve nostalgia, ou melancolia, da típica música das ilhas.
Um homem bem sucedido profissionalmente se esquece da família, perde mulher e filhas e, no reencontro, sente uma insuportável dor bem masculina.
Para embrulhar seu drama, vê-se envolvido em uma transação imobiliária de família, com tentadoras  expectativas de dinheiro abundante, aquele que “resolve” a vida de uma descendência inteira.
O que menos vai lhe importar serão as próprias ilhas. Em meio a um horizonte de oceano, você, seguramente, vai olhar para dentro de si mesmo.
A melhor síntese deste longa está no diálogo do marido com sua mulher, próximo das luzes da sala acenderem.
A declaração de amor mais honesta e sentida. Esta cena nos ajuda a entender o que pode ser, realmente, o amor entre duas pessoas, um homem e uma mulher, e como ele pode se perder sem  que um deles  perceba.
O filme me arrebatou. Dificilmente não será meu favorito na festa.
Quer mais motivo para ir ao cinema?
O filme é indicado para ganhar cinco Oscar e levou dois Globo de Ouro: melhor drama e ator.





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Nem em Bali ou no Taiti

Um conterrâneo me reclamou de não escrever sobre os Lençóis Maranhenses. Sua queixa, na verdade, perguntava: Roteiro não se emocionou com aquelas paragens?
Já pensei sobre isso. Compartilhei um safari na África do Sul, mas não escrevi uma linha sobre os Lençóis.
Eu me emocionei, sim. E mais de uma vez. Talvez a displicência tenha sido causada pelos anos em que não visito aquele destino turístico. O autoexílio tem suas prendas.
Então, vamos lá.
Os Lençóis são únicos. Comentam que uma conjunção de aspectos naturais tão raros de se repetirem (rio, deserto, lagoas e mar) só é encontrada na Austrália.
Estive lá diversas vezes até 2005. Envolvi-me com o lugar, desci rio, subi dunas, mergulhei em lagoas, refugie-me na beira do Preguiça, ouvi piadas do chef Paturi e descasquei, com paciência, camarões gigantes.
As piscinas, ah... Essas são únicas.Talvez, nem um resort no mundo, os mais sofisticados de Bali, na Indonésia, ou no Taiti, flutuando no Pacífico, conseguiriam reproduzir a sensação de completude, de satisfação, aconchego e paz que sentimos mergulhados até a altura do peito.
Poucas vezes me esqueci de quase tudo dessa vida. Apenas o sol é capaz de nos fazer desistir de por lá ficar para sempre. As melhores piscinas da terra.
Certa vez, disse que descer o rio Preguiça me lembrava dos fiordes europeus, pela altura e conformação da vegetação que circunda as águas sinuosas, formando labirintos plácidos.
O lugar, exclusivamente aquilo que é natural, é uma maravilha encantadora.
Se a grana permitir, faça um sobrevoo em avião pequeno ou de helicóptero.
Nunca mais esquecerá esse dia em sua vida. Promessa do Roteiro.

foto hierophant.com

foto tursita.com