terça-feira, 5 de novembro de 2013

Roteiro tem uma grande dúvida. E não é sobre filmes, politica ou futebol.


A foto é clara.
A presença do monge também.
Não sabemos ainda os efeitos de uma comunicação instantânea, sem limites de tempo e espaço.
A ciência se debruça e pesquisa.
Resultados chegarão junto com os efeitos.
A novidade não é pouca coisa.
Nunca nada parecido aconteceu.
Acabará tudo bem?
Tenho dúvidas nessa adaptação.
Parte importante da vida se perderá como a contemplação, a espera, o tempo.
Ainda haverá saudade?
O que é o tempo, desde agora, para uma criança que ganha seu aparelho após o primeiro choro?
Ou espaço?
É possível remar contra a maré?
Estou pensando seriamente nisso.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"O mordomo da casa branca" é drama para não se esquecer

Os dois últimos grandes filmes a que assisti sobre a luta por direitos civis e a escravatura nos EUA foram “Histórias Cruzadas” e “Django Livre”.
No primeiro, além da sensibilidade que o tema me desperta, a reconstituição da vida das empregadas domésticas entre as décadas de 50 e 60, foi impecável, dando ao filme total consistência.
“O Mordomo da Casa Branca” (EUA), lançado esta semana no Brasil, é mais uma  contribuição do cinema sobre este drama americano, reconstitui boa parte da história política dos  EUA de Eisenhower a Obama, me levou à cozinha da casa presidencial e me serviu um drama peculiar.
O protagonista Cecil Gaines (Forest Whitaker) é um negro que nasceu escravo e consegue chegar ao posto de mordomo do Presidente dos EUA, conformando-se com as injustiças a que fora vítima desde que chorou pela primeira vez. Como outros milhares, deixou a submissão salvar sua vida.
Aquela decisão, em diversos níveis, que tomamos em nossas vidas o tempo todo, seja aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.
Mas sua vida familiar iria levá-lo a um drama pessoal e político avassalador, torturante, abrindo a cada dia uma ferida difícil de cicatrizar.
Mais uma vez, a reconstituição daqueles tempos é arte.
Os sofrimentos dos negros brasileiros, americanos e sul-africanos, com os quais meus anos de existência permitiram conhecer não me deixam acostumar com histórias assim.
As primeiras cenas do filme fazem minha ferida de incompreensão sempre sangrar, mesmo que através de lágrimas.
Trazidos até mim desde a infância pelo noticiário, livros e o cinema, os relatos destas histórias reais são convites para profunda  reflexão. Este filme me  comoveu.
Impossível não se lembrar dos protestos de hoje no Brasil, embora por razões diferentes.
Os Black Blocs já foram, em alguma medida, os Panteras Negras.
O diretor Lee Daniels recebeu aplausos do New York Times e  do Chicago Sun-Times.
No elenco, estrelas como Robin Williams, John Cusack, Jane Fonda, Mariah Carey e Oprah Winfrey, a famosa apresentadora.
Certamente estará na lista do Oscar, como “Gravidade”, “Suspeitos” e o Capitão Phillips”.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Serra Pelada, o filme, tem muito mais que ouro.


Serra Pelada, o filme, tem muito mais que ouro.
Tem um Brasil que nos envergonhou, carimbó (coisa boa), dor, e o melhor ator brasileiro da atualidade, Wagner Moura, que, embora não seja o protagonista, nos encanta e nos faz felizes. 
Sua interpretação de um cafajeste nacional é extraordinária, convincente, gigante.
Roteiro se emocionou com o mocinho de “Tropa de Elite”. Agora, um bandidão.
Mas ele vem bem acompanhado. 
Juliano Cazarré, o mesmo que fez um rapaz bobo em “Avenida Brasil” e é o “Ninho” da atual novela das nove, Júlio Andrade (Gonzaga - De pai para filho) e a atriz Sophie Charlotte, a jovem e malvada “Amora” de Sangue Bom, completam um quarteto dourado.
Ela nos dá pena, como mais uma criança que vira prostituta numa terra sem lei, mas entra para o cinema.
Parabéns, garota. 
Minhas filhas, que nasceram depois do grande festival de sonhos e atrocidades que o ouro do Pará fez reluzir, ficarão chocadas com aquela montanha que se torna um grande buraco, onde floresceram alguns ricos, padeceram pobres, milhares foram explorados, houve desilusões e mortes, muitas mortes. 
Um “faroeste” tropical, próximo de “Sodoma e Gomorra”.
Os ricos? Confesso que não conheço nenhum. Devem estar por aí. 
Mas o filme é bom, firme, denso, tenso e educativo. Muitas lições.
O Heitor Dhalia, guarde o nome desse Diretor, resgata uma história marcante dos anos 80, documentando para sempre.
Ficção em meio a uma realidade nua e crua e que parece nunca acabar, de certo modo. O filme é de ação, também. Não é só drama.
Consegue, enfim, em meio a tanto brilho de suposta riqueza e nauseabundos extermínios, lembrar que as paixões podem encontrar terreno fértil para uma desgraça, ou várias. 
Viva o cinema nacional e seu novo tempo de ouro. 

sábado, 12 de outubro de 2013

"Gravidade" não é ficção científica.


Em 11/06/2011, escrevi sobre o filme "Céu de Outubro" em homenagem ao meu irmão, Douglas, morto em 2008. Ele foi a primeira e única criança que conheci apaixonada pelo espaço. Foi por causa dele que conheci o primeiro telescópio amador. Até hoje, em seu escritorio, há aquela famosa fotografia dos três astronautas americanos que pisaram na Lua. Nós ouvimos tudo pelo rádio. Herdei , entre outras lições de vida, o encanto pelo espaço e tudo que esconde, ou revela.
Uma pena, Dodô, não assistires, daqui, o mais espetacular filme sobre o espaço, e sobre a gente também.
Em homenagem à criança que resiste em mim, fiz questão de me dar de presente a estréia do filme e fui o terceiro a entrar na sala, apesar das poltronas marcadas.
Fui cheio de expectativa e ansiedade.Tudo programado. 
Celulares desligados, comi a pipoca antes para que nada me tirasse a concentração.
"Gravidade" é o melhor filme do ano, o melhor sobre o espaço de todos os tempos, deve ser candidato ao Oscar e Sandra Bullock  chega ao Olimpo do cinema , apesar de já ter o seu Oscar por " Um sonho possível"( 2010). 
Apesar da classificação "ficção cientifica", é um filme filosófico e poético. Mostra-nos à deriva da incompreensão sobre a vida em meio a um ambiente desconhecido e intrigante pela estética espacial, concreta e misteriosa, impassível e bela.
A tecnologia 3D nos coloca ao lado de Sandra e muitas vezes com seu ponto de vista e dificuldade para respirar. A propósito, não fique longe da tela. O meio da sala é indicado. Aproxime-se e mergulhe.
O filme não é claustrofóbico, como parece. É tenso, mas não dá medo. 
Há uma esperança no ar. O espaço nos vê com mais pena do que desprezo. 
De lá, vê-se a nossa mediocridade aqui embaixo, a insignificância das lutas pelo poder, a perda de tempo e energia com o medo e a inércia, a percepção errada sobre o que é a vida e o que importa. E descobre a coragem quando não pode mais contar com ninguém.
Certa vez, sobrevoando os limites da Sibéria e grande parte do território chinês, por longas horas, olhei para baixo e tive essa sensação, essa percepção que referi acima.
No cinema, ontem, não sobraram dúvidas. 
Ficar à deriva não é uma viagem necessária.
Sobre o espaço em si? Bem, deixo para Deus, o meu, explicar aos poucos.
O filme é dirigido pelo mexicano Afonso Cuaron(Harry Potter) e ainda tem um elegante e charmoso companheiro da astronauta, interpretado por George Clooney.
Corra para o cinema. Aliás, vá voando.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento - arte e história.


“O tempo e o  vento” é um filme delicado, bem acabado. Épico.
A obra que o inspirou, escrita por Erico Veríssimo, sempre despertou paixões, já virou novela, série de TV e se tornou um clássico obrigatório para entender o Rio Grande do Sul.
Érico a escreveu em três partes: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961).
Mas, ontem, ao assistir o filme numa sala repleta de homens e mulheres maduros, convenci-me que o cinema ainda precisava contar sua versão.
Faz-nos entender, um pouco, porque os gaúchos, aqui e ali, pensaram em se separar do resto do país.
A terra dos gaúchos tem aspectos muito particulares, reconheçamos.
As paragens longínquas dos pampas, a colonização violenta dos espanhóis, a vida duríssima das primeiras gerações, as guerras intermináveis amalgamaram um povo cheio de orgulho e valores respeitáveis, em sua grande parte. Bravo. Cidadão.
É uma história de amor para gaúcho não botar defeito.  Paixão e sangue, dança e churrasco.
Fernanda Montenegro, bem madura, faz um filme dentro do filme, com sua interpretação cativante, profissionalíssima, como se nos oferecesse, em duas horas, toda a sua arte, resumidamente completa.
O Capitão Rodrigo, Thiago Lacerda, homem enorme, soldado quase invencível, apaixonado e machista, é o par de uma atriz renomada, e consegue nos convencer que conhece o personagem de Veríssimo como um ator consagrado que fosse.
Marjorie Estiano, a artista mais completa de sua geração, se encontra perfeitamente com ambos, chega de mansinho e se agiganta. Veterana.
Através dessas mulheres, no século passado ainda, o escritor fazia denúncia histórica sobre o sofrimento das mulheres de forma lúcida, contextualizada.
Atores e personagens gigantes num filme que arrancou aplausos na sala, mesmo sendo as mãos percursionistas bastante calejadas.
Jayme Monjardim, o diretor, saiu caladinho do Projac e fez bonito.
Todo o elenco é muito bom, é justo que eu diga.
Um filme para um país que ainda não se conhece plenamente, que não respeita o vento nem o tempo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"Rush - No limite da emoção" dá a largada para o Oscar.


Amanheci com o ronco da fórmula 1 me perturbando neste domingo.
Embora sinta saudades do Airton, desinteressei do espetáculo.
Mas mantive a TV ligada, estimulado pela narração empolgada (e exagerada) do Galvão sobre Singapura.
Nem imaginava que a Fórmula 1 iria me preencher a tarde e a noite e despertar emoções.
Mas tudo isso iria acontecer no Cinema, e sem Galvão.
“Rush - No limite da emoção”, filme em cartaz no Brasil e que conta uma pouco conhecida competição agressiva entre Niki Lauda e James Hunt, pelos idos de 70, jogou-me com entusiasmo no mundo das corridas. E como!
Trazendo os bastidores da Fórmula 1, revela o mundo de glamour, sexo, bebida, vaidades, talento e coragem deste esporte e negócio para poucos.
Sim, piloto de velocidade não é um homem comum, mesmo que não gostemos de corrida. São especiais, amados ou odiados. Quase super-homens.
Suas vidas e mortes caminham, ou melhor, correm a 300 km lado a lado ou completamente misturadas.
O filme trata com brilhantismo sobre limites e indaga, numa frase do personagem real Niki, se “a felicidade  é  inimiga” ou, de outro modo, “o que deve valer mais a pena entre viver com prazer ou obcecado pelo desempenho vitorioso, sempre?”
Antes de tentar responder o que não   parece  tão óbvio, vá para o cinema. Não responda agora.
O filme é excelente. Direção perfeita (Ron Howard) roteiro fiel, tomadas espetaculares e raras de uma pista de automobilismo sob pontos de vista que a TV não pode revelar e denuncia os riscos inconcebíveis das corridas  naqueles tempos. Correr com 20% de chances de morrer.
Sugestão: não vá pesquisar no Google o que aconteceu com estes dois corredores. Vá para o autódromo.
Dois bons atores me despertaram, novamente, o interesse pelas corridas:  Daniel  Brühl (alemão), que faz o Niki Lauda , com enorme semelhança física, e Cris Hemsworth (australiano) que faz um piloto-galã  ousado e incontrolável,  que foi James Hunt.
Roteiro inscreve o filme no Oscar 2014 por  conta e risco.




segunda-feira, 8 de julho de 2013

"Truque de Mestre" - mágica do século XXI


Roteiro volta com a sua sessão favorita “Cinema ainda é a melhor diversão”.
Sem jogo de palavras, os truques que estão em cartaz em “Truque de Mestre” são mágicas originais, num enredo dinâmico (de perde o fôlego), com tomadas ousadas da direção, perseguições, surpresas e, claro, o romance para o qual não há truque que supere.
O carismático e “metido” Jesse Heisenberg, aquele mesmo que nos encantou em “Redes Sociais”, o filme do facebook, volta como ele é: metido, e encantador, falando com a velocidade de 4G sem que percamos nada de sua genialidade. Um de seus parceiros é interpretado por um dos meus favoritos, Woody Harrelson (“Proposta Indecente”, “O Povo contra Larry Flyint” e “O Mensageiro”).
Cenas em que dois mitos do cinema, Morgan Freeman e Michael Caine, surgem dão ao filme a categoria dos mestres, invocam uma festa de Oscar.
O filme é contemporâneo, digital, cibernético e antigo, também, quando nos embrulha no mundo fascinante da mágica eterna, indecifrável, e menos previsível ainda, neste caso.
Mas há muitos truques novíssimos e um roteiro de surpresas. E quanta surpresa!
O único resumo possível é revelar que quatro mágicos “espertos” são atraídos para aplicar um novíssimo golpe que demoramos o filme todo para entender. E isso é truque.
Numa cena, lembrei-me dos manifestos mundo afora, quando jovens são convocados para grande encontro e a polícia fica tonta.
Bom filme. Quase tudo nele é novo (e mágico).
Criatividade e coragem param nos contaminar e deixarmos a sala satisfeitos.
O Diretor é o francês Louis Leterrier( "Carga Explosiva" e "Fúria de Titãs" - nada especiais)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

"Minha mãe é uma peça" - Manifestação pacífica e engraçada.


 Eu ainda não vi manifesto das donas de casa estressadas, que reclamam dos maridos que as abandonaram, mas  deixaram  os filhos adolescentes e seus dramas.
Coube ao cinema brasileiro fazer isso com talento e bom humor.
“Minha mãe é uma peça”, em cartaz nos cinemas e com o surpreendente Paulo Gustavo no papel de Dona Hermínia, foi capaz de me convencer a “vemprocinema, vem”,  e eu convoco vocês.
Bem escrito, o filme contribui para enfraquecer o preconceito contra os gays e gordinhos e valoriza o papel insubstituível, e necessário nestes tempos de tantas mudanças, que a família exerce para o bem de nossas vidas.
Hermínia  foi abandonada pelo marido bonitão(Herson Capri) que escolheu uma mulher mais nova, e fútil(Ingrid Guimarães), e tem que sobreviver com o abandono humilhante e uma dupla de filhos que se esforçam para aguentar suas rabugices. A mãe, de bob na cabeça o tempo todo, se esforça para controlar o que lhe restou de um casamento fracassado.
Gargalhadas para a atuação de Paulo Gustavo, humorista da nova geração, que nos faz esquecer que não é uma mulher de verdade e ainda interpreta, com louvor, todas as Hermínias da vida real.
Um filme sobre a família que todos nós conhecemos na vizinhança e que a vizinhança também "conhece".
Paulo é o próprio autor da peça que inspirou o filme.
É uma boa comédia e vocês não vão protestar contra o blog depois da sessão.

terça-feira, 23 de abril de 2013

" Lendas da Paixão ", sábado, seis da manhã


Eu acordei muito cedo. A noite foi confiscada pelo noticiário do atentado nos EUA, onde dois malucos resolveram libertar o mundo, matando e mutilando inocentes.

Costumo procurar filmes nesse horário e já descobri, ou revi, muitos excelentes. Sessão das seis da manhã.
“Lendas da Paixão” é um romance (para alguns, filme de guerra) de 1994, EUA, com Brad Pitt, Anthony Hopkins, Aidan Quinn e Júlia Ormund (O Curioso Caso Benjamin Button e Sabrina, entre outros).
Essa atriz britânica tem um carisma e uma beleza que não consigo definir. Veja você mesmo.
A história se passa nas planícies de Montana (EUA) e talvez por isso tenha ganhado o Oscar de melhor fotografia naquele ano.
Um “coronel” cansado da vida de negócio se refugia em uma fazenda com três filhos bem distintos. O mais novo leva para casa a sua noiva (personagem de Júlia), mas tem que ir para a guerra de todo  mundo, a primeira, na Europa longínqua.
Surge o que me prendeu ao filme, que revia naquela manhã de sábado. Um raro amor nos tempo de hoje, onde relações são novíssimas em folha(seca).
Apaixonada pelo irmão mais inquieto, forte e aventureiro (Brad Pitt), a noiva perde o noivo para as balas alemãs e se entrega ao quase índio, que sobrevive à guerra e traz para casa o coração do irmão, que prometera ao pai proteger.
Mas o seu coração vivo e inquieto o leva para o mundo e deixa a mulher conquistada naquelas terras.
O irmão mais velho revela sua paixão pela mesma noiva e aí os encontros, desencontros, perdas e ganhos, com morte e drama, me levaram a pensar sobre estes amores impossíveis, que alguém pode carregar pela vida toda.
Ela, a musa da planície, até casa com o mais velho e político, mas vai partir, dramaticamente, de paixão pelo aventureiro.
Passa, portanto, boa parte da vida curta fiel ao seu amor, como não se vê nestes tempos.
Nada de reclamação me move, mas que nos faltam esses amores, isso é verdade.
Calma lá, o amor a que me refiro, e que se tornou raro, não tem sexo. O irmão político também passou a vida para conquistá-la e casou mesmo sabendo de seu amor pelo preferido do pai.
“Lendas da paixão” é um excelente épico!
Não precisa assistir às seis da matina, recomendo.

sexta-feira, 1 de março de 2013

A HORA MAIS ESCURA é claramente o melhor filme.

Vários filmes candidatos ao Oscar relataram histórias reais neste ano.
Apontei ARGO, sobre a invasão da embaixada dos EUA no Irã, em 1980, como merecido vencedor.
Não tinha assistido A HORA MAIS ESCURA. O último da lista.
A Academia não teve coragem de elegê-lo.
Na trama, matéria de TV mostra o Presidente Obama mentir. Nega o uso da tortura durante a longa caçada a Osama Bin Laden. Não era possível premiar este filme e dar mais destaque ao velho método.
A Diretora de GUERRA AO TERROR, vencedor de Oscar, Kathryn Bigelow merecia o bis.
Jéssica Chastain(Historias Cruzadas e Árvore da Vida) interpreta com louvor  agente da CIA, Maya, recruta que por intuição, inteligência e obstinação leva os americanos ao seu maior feito de vingança da história ao achar o terrorista Osama e matá-lo, enterrando, por hora, parte dos fantasmas de 11 de setembro, a data.
O filme é escuro por necessidade, mas deixa claro os bastidores de uma caçada de dez anos, recheada de atentados, investigações, abusos, traições, perdas de vidas inocentes de lado a lado.
Ao vê-lo, e sendo testemunha dessa amarga história( quem não se lembra do atentado e seu efeito em nossas vidas?) senti uma emoção muito especial que não sei bem explicar.
Perplexidade, asco, medo, satisfação, alivio?  Não sei exatamente.
Ao meu lado uma Ministra viu o filme com mesma tensão.
Que será  que ela pensou com as cenas de tortura e os bastidores de uma investigação tão importante quanto secreta?
Quantas decisões militares, ou não, mas guardadas a sete chaves, e para sempre,  ela já acompanhou?
A HORA MAIS ESCURA instiga muitas inquietações, explica outras, preocupa bastante.














sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

“As Aventuras de PI” surpreende, encanta e quase me deixa sem palavras.


Quando me emociono o suficiente para compartilhar um filme no blog tenho pouca dificuldade para escrever.
Deixo a emoção e a lembrança fluírem. Fiel ao pensamento. Sem preciosismos.
Mas, desde ontem, procuro tranquilidade para organizar o turbilhão de emoções que este filme me causou.
Nunca vi nada igual no cinema, mesmo que a tecnologia de hoje transforme um diretor em mágico.
O realismo-fantástico que nos envolve parece verossímil, mesmo para uma plateia de adultos.
A mistura de uma aventura juvenil em 3D com uma quase saga, a fé poderosa de um garoto, as maravilhas que o diretor de fotografia consegue realizar nos mostrando aspectos inéditos da vida em alto mar, o roteiro preciso, sem armadilhas, mas criativo e translúcido, enfim, formam uma extraordinária invenção surpreendente de um diretor ousado como Ang Lee (O Segredo de Brokeback  Mountain).
Um dos protagonistas, o principal, é o jovem ator Suraj Sharma, desconhecido, que nos faz deixar a sala pensando em seu próximo filme. Foi escolhido por acaso. Compareceu aos testes apenas para acompanhar o irmão.
O outro é um tigre. Sobre ele, o meu respeitoso silêncio.
Ambos atravessam o pacífico numa pequena balsa, após um naufrágio. No final, os dois se salvam e um deles conta a história mais sensacional que já vi e ouvi.
Tomara, tomara mesmo, que tudo tenha sido verdade.
O filme está indicado a 11 estatuetas, foi feito nos EUA e deve entrar para a história do cinema contemporâneo.
Difícil outro candidato ao Oscar ser tão magnífico. Este filme é paixão imediata.
O autor do livro em que o filme foi baseado, Yann Martel, se inspirou num outro, escrito pelo brasileiro Moacyr Scliar. Este conta a fuga de um refugiado judeu que atravessou o Atlântico num bote, acompanhado por um jaguar.