sábado, 12 de outubro de 2013

"Gravidade" não é ficção científica.


Em 11/06/2011, escrevi sobre o filme "Céu de Outubro" em homenagem ao meu irmão, Douglas, morto em 2008. Ele foi a primeira e única criança que conheci apaixonada pelo espaço. Foi por causa dele que conheci o primeiro telescópio amador. Até hoje, em seu escritorio, há aquela famosa fotografia dos três astronautas americanos que pisaram na Lua. Nós ouvimos tudo pelo rádio. Herdei , entre outras lições de vida, o encanto pelo espaço e tudo que esconde, ou revela.
Uma pena, Dodô, não assistires, daqui, o mais espetacular filme sobre o espaço, e sobre a gente também.
Em homenagem à criança que resiste em mim, fiz questão de me dar de presente a estréia do filme e fui o terceiro a entrar na sala, apesar das poltronas marcadas.
Fui cheio de expectativa e ansiedade.Tudo programado. 
Celulares desligados, comi a pipoca antes para que nada me tirasse a concentração.
"Gravidade" é o melhor filme do ano, o melhor sobre o espaço de todos os tempos, deve ser candidato ao Oscar e Sandra Bullock  chega ao Olimpo do cinema , apesar de já ter o seu Oscar por " Um sonho possível"( 2010). 
Apesar da classificação "ficção cientifica", é um filme filosófico e poético. Mostra-nos à deriva da incompreensão sobre a vida em meio a um ambiente desconhecido e intrigante pela estética espacial, concreta e misteriosa, impassível e bela.
A tecnologia 3D nos coloca ao lado de Sandra e muitas vezes com seu ponto de vista e dificuldade para respirar. A propósito, não fique longe da tela. O meio da sala é indicado. Aproxime-se e mergulhe.
O filme não é claustrofóbico, como parece. É tenso, mas não dá medo. 
Há uma esperança no ar. O espaço nos vê com mais pena do que desprezo. 
De lá, vê-se a nossa mediocridade aqui embaixo, a insignificância das lutas pelo poder, a perda de tempo e energia com o medo e a inércia, a percepção errada sobre o que é a vida e o que importa. E descobre a coragem quando não pode mais contar com ninguém.
Certa vez, sobrevoando os limites da Sibéria e grande parte do território chinês, por longas horas, olhei para baixo e tive essa sensação, essa percepção que referi acima.
No cinema, ontem, não sobraram dúvidas. 
Ficar à deriva não é uma viagem necessária.
Sobre o espaço em si? Bem, deixo para Deus, o meu, explicar aos poucos.
O filme é dirigido pelo mexicano Afonso Cuaron(Harry Potter) e ainda tem um elegante e charmoso companheiro da astronauta, interpretado por George Clooney.
Corra para o cinema. Aliás, vá voando.

Um comentário:

  1. Grande análise Danilo! Ao mesmo tempo poética e filosófica!! Estamos indo ver o filme agora!! Depois te digo o que achei!! Abraços!!

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