quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Quanto vale a sua mulher (ou o seu marido) ?



A discussão política destes tempos de inquietação, pelo mundo afora, é sobre a ética e os valores morais. Aliás, deveria ser sempre.
Em todas as situações que envolvem esse tema, a troca e a vantagem, ou  compensação, são meio e fim.
Já disse alguém que é dando que se recebe.
Este assunto me fez lembrar um filme marcante, ácido, dolorido, controverso, polêmico, angustiante, em que um casal decide por em risco a essência do amor convencional, que  é o sentido de pertencimento e de fidelidade, para dar um jeito em sua vida arruinada financeiramente.
Refiro-me à “Proposta Indecente” (EUA-1993) com Robert Redford, Demi Moore e Woody Harrelson.
O desespero que leva à ação de aceitar uma proposta repugnante é seguido de um sofrimento mútuo profundo, cortante, visceral. Tudo envolto em um indisfarçável nevoeiro excitante, típico das fantasias extremas, mas não menos prazerosas.
Deixo o proponente, ou corruptor, de lado, pois ele é a nossa tentação perpétua.
De certo, o ciúme previsível, a cobrança do marido e a decepção da mulher seduzida se constituem ingredientes da pena dos fracos.
No mundo real, seria extraordinário que, como efeito dos atos condenáveis, a pena fosse assim, vivenciada incontinente e com alto teor de sofrimento. Autoaplicável. Quase sem precisar de julgamento. Para os dois lados.
No filme, o arrependimento, antecedido da dolorosa “prisão” de sentimentos que quase destrói o casal, é a condenação máxima e pedagógica.
Revi este longa recentemente. Ele causa arrepios.
O filme foi muito mal recebido pela crítica, mas nem por isso deixa de ser útil à discussão sobre o amplo e movediço campo da moral e da ética. Particularmente, acho que a academia  mandou o filme para o lixo porque o tema também habita os esconderijos das fantasias inconfessáveis para um mundo machista. Melhor não tratar desses desvios.
Seu diretor foi Adrian Lyne, conhecido pela dupla "Nove semanas 1/2 de amor" e "Atração Fatal". Gosto muito de outro, "Unfaithful", com Richard Gere e Diane Lane, de 2002.

 
A escolha e o castigo (Google imagens)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Amor a Toda Prova" ou "E se a sua mulher lhe traiu"?

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O assunto não tem idioma, tempo, nem espaço restritos.
Pode ser tratado em clínicas, sala de juiz  ou se tornar assunto de vizinhança. Causa dor, sofrimento e costuma fazer os filhos perderem o ano.
Estou falando da traição entre os “bem” casados e com longa estrada. Mais especialmente, da mulher.
Este assunto chato é tratado com seriedade e excelente bom humor na comédia “Amor a Toda Prova” (EUA-2011) nos cinemas do país.
Nem de longe vamos discutir a “relação”. O filme, em si, é melhor assunto.
Cal Weaver (Steve Carell) é o marido traído por Emily (Julianne Moore). Jacob(Ryan Gosling) surge  em sua vida para ajudá-lo a enfrentar o drama de forma bem machista, mas divertida, e daí aparecem  os  excelentes dilemas da trama. Não falta, ainda, um recorte para as paixões - ah... que paixões - bem juvenis, entre os 13 e 17 anos.
A seriedade está presente, sim, e esse é um dos méritos do roteiro, na decepção causada ao marido, certo que era  exemplar, e no sofrimento da mulher. Seu senso ético em pedir o divórcio desaba diante da reação do antigo companheiro.
O filme é um bom teste para as convicções dos casais, sob a direção de uma dupla formada por Glenn Ficarra e John Requa.
Mas você sai divertido e com vontade de ir conversar sobre o assunto com seu par, em conversa amena e bem intencionada.
Entre outras boas questões, surge uma pergunta:
É possível um casamento longo, daqueles que levam às felizes bodas de bronze, prata e ouro, sem traição, de um ou do outro?
Não tenho nenhum cuidado em dizer que ninguém faz tão boas comédias como os americanos.
À pipoca, sem receios.

Steve Carell ficou bem conhecido em “O Virgem de 40 anos”.
Julianne Moore é uma das estrelas do cinema - “A Mão que balança o berço” e “Minhas mães e meu pai”.
Ryan Gosling é inesquecível em “Diário de uma paixão”.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"O Homem do Futuro" é bom de se ver agora


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No post “Um Homem de Família” é um filme para quem tem coragem (26.08.2011) e em “Eu vou vender minha Ferrari em 2013. Quer comprar?” (30/08/2011) escrevi sobre a busca da felicidade.
Nas telas de cinema, estes últimos dias, estreou “O Homem do Futuro” (Brasil-2011) comédia dramática, dirigida por Cláudio Torres e que tem como protagonista Vagner Moura, nosso honrado Capitão Nascimento de Tropa de Elite 1 e 2, agora num personagem mais ameno.
O tema não é novo e me persegue desde um bom seriado de TV americano dos anos 60, chamado Túnel do Tempo.
Mas o filme é novíssimo, cheio de jovens atores para lá de promissores e com a cara nova do bom cinema brasileiro de agora.
Vagner mergulha de corpo e alma num personagem de folhetim, o rapaz superdotado que insiste em fazer ou descobrir aquilo que lhe pode tirar do anonimato, com uma gagueira incômoda e a timidez dos nerds incompreendidos.
O sonho de controlar o tempo acorda em meio a um projeto para produção de energia que iria revolucionar o século 21.
Daí é um pulo para voltar no tempo e destruir todas as tristezas vividas no passado. De novo, a busca da felicidade garantida e duradoura.
Bem humorado e dramático, o filme nos encanta por esse universo tão inquieto do tempo, relembra o bom Rock brasileiro de alguns titãs da música e nos enche de adrenalina durante uma festa universitária da pesada.
O cientista, que quase fica louco, tem belas companhias.
A sua musa é interpretada por Alinne Moraes e o vilão, ora, o vilão... O vilão é o “Léo”, o mesmo que antes se definiu na carreia, infernizando a maluquinha Norma, em Insensato Coração. Se você o odiava, paciência. Ele não mudou nada. Gabriel Braga Nunes que se vire.
Há boa participação, ainda, da atriz Maria Luiza Mendonça, com sua beleza e talento próprios e de Fernando Ceylão, ator que foi o primeiro brasileiro a participar de um festival de comédia stand up nos EUA e atualmente trabalha no humorístico Zorra Total. O carisma de Fernando é comovente.
O filme é excelente.  Aproveite e vá passar o tempo, porque controlar não vale a pena.







sábado, 10 de setembro de 2011

Você lembra de amanhã ?

Passaram dez anos, mas parece que foi para sempre.
Como a maioria de vocês, não esqueço nunca o que fazia naquela manhã comum, de 11 de setembro de 2001, em São Luis(MA).
Estava em meu gabinete e vi tudo que a TV conseguiu transmitir ao lado de meu principal companheiro de equipe.
Uma das coisas que pensei foi imaginar se apenas os EUA eram alvo dos ataques.
Lembro de ter reunido minha equipe, depois, para especular sobre aqueles acontecimentos.
Mas a lembrança mais marcante é o momento em que fui buscar minhas filhas na escola, logo que pude.
Havia um estranho e talvez pouco lógico frenesi nas ruas.
Um atentando a milhares de quilômetros não deveria assustar aos cidadãos de uma capital do nordeste brasileiro, uma província até, considerando seu nenhum papel estratégico sob o ponto de vista militar. Com enorme esforço, muito grande, talvez o porto  do Itaqui e a base de lançamentos de foguetes em Alcântara, no continente, pudessem inspirar um roteirista maluco, nunca um terrorista, a escolher  a região como alvo de um ataque.
Mas foi isso que me marcou. Os pais estavam apressados e ansiosos para por seus filhos no carro e  ir para casa para saber , exatamente, o que estava acontecendo, mas com a família a salvo.
A porta da escola era uma  bagunça e o trânsito estava excitado
A explicação não é, realmente, difícil. Simbolicamente, foi em nossa cidade, perto de casa e deixou  todos nós  perguntando que mundo começava ali. 
E você, onde estava naquela manhã  ?
O que sua memória guardou ?
Tem uma história curiosa sobre este acontecimento ?
O que pensou ?


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

As lendas são para sempre, graças a Deus!

As cidades sobrevivem. Isso é em qualquer lugar do mundo. Desaparecem apenas em grandes catástrofes naturais ou bombas atômicas, por algum tempo, mas de algum modo  são reconstruídas ou têm seus  destroços transformados em peças de museus.
Em outras medidas, com ou sem destruição, são transformadas em patrimônios históricos nacionais ou mundiais, quando há significativa razão para isso. Geralmente, pelo conjunto de atributos arquitetônicos ou fato histórico.
São Luis é exemplo e completa, hoje, 399 anos. Em 2012, históricos 400.
Eu nasci em São Luis e todas as referências de minha existência se constituíram lá, em seu ambiente. Todas. Pais, família, escola, amigos, gostos, hábitos, rabugices, minha mulher, minhas filhas, meus sucessos ou infortúnios.
Gosto de praia e desenhei, repetidamente, quando menino, barcos e navios que passeavam, adoro o cheiro e gosto da água salgada, de suas ruas de nomes estranhos, de seus tambores.
Os momentos mais marcantes de minha infância foram passados na Rua da Paz e na Ponta de Areia, a aldeia de pescadores que desapareceu.
São Luis é a minha cidade. A preferida da minha vida.
Contudo, não dá para escamotear a verdade. Tornou-se nos últimos dez anos um lugar desconfortável, mal cuidado e inóspito.
O amor permanece, o sonho de voltar um dia também, mas este aniversário é triste.
Respeito e vínculo para amá-la continuam, humildemente, vivos.
Parabéns, minha querida cidade. Como suas lendas, espero que nunca desapareça.

Nota: São Luis, cuidada, é um destino turístico rico. Um roteiro de emoções.
          Sua gente é brava(resistente) e amável.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sócrates, Aquiles e Gisele Bündchen

Nestes dias eu vi uma entrevista da modelo brasileira Gisele Bündchen. Mudando de estilo, sem perder a categoria, disse que a família é a coisa mais importante da vida e que os pais devem ensinar os filhos a terem raízes e asas. Ainda que seja um pensamento conhecido, foi bom ouvir isso de uma mãe da nova geração.
Em geral, os pais de hoje pretendem defender os filhos de qualquer "perigo" e fazer todas as suas vontades.
Hoje, logo cedo, lembrei-me da mãe jovem, mas madura, quando  a TV relatava o drama de Sócrates, em estado grave em um hospital de São Paulo.
Se os campos de futebol são mesmo um "tapete verde", como costumam dizer os locutores de rádio, Sócrates foi a Gisele  dos gramados (sem outras comparações, é lógico).
Refiro-me a elegância única deste ex-jogador.
Aquiles, o herói da mitologia grega, teria inveja dos calcanhares do "Doutor".
Sócrates jogava sempre a 90 graus e seu talento não se curvava nunca.
Intelectual e médico, fez política de craque, tem posições firmes e democráticas.
Antes da Copa da África, em entrevista,  "Doutor" disse com firmeza: "Kaká não pode jogar. Será um fiasco. Sua lesão é crônica". Ali, com sua elegância, dizia que iríamos fracassar. Não ouviram o diagnóstico.
Neste momento que escrevo, Sócrates enfrenta um adversário difícil e luta pela vida em um hospital de São Paulo.
Doutor, se pudesse me ouvir, eu lhe diria: por favor, faça esse gol de calcanhar e corra para nosso abraço.
De calcanhar! - google imagens

sábado, 3 de setembro de 2011

" Um Conto Chinês " é uma comédia muito séria.

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Muita gente quer saber que história é essa de uma vaca cair do céu. Esta cena é o destaque da promoção do filme argentino(2011), estrelado por Ricardo Darín, que está entrando em cartaz. A idéia inicial nos faz esperar que este "conto" seja uma só gargalhada.
Mas quem ri é o nosso coração. O filme é um elogio à generosidade e à compaixão que desconhecem idiomas longínquos e diferenças culturais.
Roberto, um argentino solitário e cheio de manias, reencontra o sentido da vida através de um chinês "mudo" que, imitando a vaca, "cai do céu" em sua vida de rotina birrenta.
Descobrimos, ainda, como uma vaca pode cair do céu. A explicação é razoável para o mundo em que vivemos.
Ricardo demonstra que é um ator que não muda, seja na graça ou na tragédia. É sempre convicente, como se pudesse entrar nos personagens antes da sua criação.
Mais uma vez, os argentinos contam um pouco de sua história sem fazer drama.
Um conto, muitos pontos.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

" A Árvore da Vida "



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Quando “O Cisne Negro” chegou às telas, amigos me disseram que era um filme denso. Confirmei.
Agora, encontrei um ainda mais denso, e tenso.
Na verdade, “A Árvore da Vida” (EUA-2011), cujo gênero pode ser definido como drama/fantasia, pode ser muitas coisas, inclusive chato e magnífico. Louco ou inovador. Longo ou na medida certa. Mas não vai passar em branco. Trará mais lembranças além da Palma de Ouro conquistada no Festival de Cannes, este ano.
O diretor e roteirista Terrence Malick (Além da Linha Vermelha, O Novo Mundo) já era um cineasta polêmico, daqueles que atraem amor ou ódio, mas nunca indiferença. Superou-se desta vez. A estatueta já lhe foi prometida inúmeras vezes em pouco tempo. Quem sabe será de novo. O filme é, indiscutivelmente, seus devaneios, dúvidas e fé. Suas buscas. Seus achados. Sua vida e suas inquietudes.
Poucas vezes eu vi, no cinema, uma reconstituição tão real, precisa e cheia de detalhes sobre a infância(o cotidiano entre irmãos) e o amor de mãe, devotado, comprometido, sofrido numa personagem oprimida e fervorosa na fé cristã.
O melhor do filme está no meio. A vida de uma típica família americana dos anos 50, comandada por um marido e pai tirano e rude, Sr. O’Brian (Brad Pit), sua mulher silenciosa (Jessica Chastain) e seus três filhos, entre os quais Jack (Sean Penn).
É Jack quem nos relata a história.
As tomadas em ângulos intimistas e exclusivos, as imagens científicas e “sacras” da formação da vida, e de um Deus universal na penumbra, navegam entre um documentário e uma obra fantasmagórica. Pode ser essa a parte “chata”.
Mas tudo são detalhes de um Terrence.
Este post vai ficar assim como o filme, esquisito, parecendo incompleto.
Descubra a verdade. Procure a arvore da vida você mesmo. Corra o risco de ver este filme.
O ator mirim que faz a primeira fase da vida de Jack (Hunter McCracken), seguido de perto por Brad Pitt, faz um primor de interpretação. Ambas são magníficas.
A árvore é frondosa.
Sean Penn, por causa de seu papel, está longe de seu desempenho em “Milk – A Voz da Igualdade”(EUA-2008) ou “Caminhos Violentos”(EUA-1986) - um dos meus preferidos.
Jessica Chastain, a mãe, é conhecida de séries de TV como ER, Close to Home e Law & Order.



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