quinta-feira, 31 de março de 2011

O "Cisne Negro" no divã.

Em meio à polêmica noticiada nestes dias, na qual a dublê Sara Lane afirma que realizou a maioria das cenas em que a atriz Natalie Portman dança nos palcos do filme, compartilho a análise encaminhada pelo amigo e seguidor do blog Thales Sampaio:

"Meu Caro Danilo,
Uma amiga psicóloga me mandou essa bela interpretação junguiana desse belo filme.
Imagino que o amigo, se já não a conhece, irá apreciá-la.
Abraços,
Thales"

28/02/2011
Para quem ainda não assistiu vou logo avisando: NÃO LEIA esse post. Pode estragar surpresas.
Alguns termos estão grifados em vermelho. Esses termos são conceitos da psicologia analítica e são explicados no final do texto. Quem não tem familiaridade com o significado desses conceitos vale a pena ir até o final do post.
Para quem já assistiu, talvez esse post ajude no entendimento de alguns elementos do filme, afinal ele é um thriller psicológico, dirigido por Darren Aronofsky e que se utiliza de elementos da psicologia junguiana para dar corpo ao desenvolvimento da personagem principal, a bailarina Nina.
O Cisne Negro levou um Oscar merecido ontem, de melhor atriz, para Natalie Portman. Esses tempos li uma entrevista da atriz em que ela diz que fazer esse papel realmente mexeu com ela.
O filme começa com um sonho de Nina (interpretada por Natalie Portman): ela fazia o papel principal no balé “O Lago dos Cisnes”. O sonho tinha um ar sombrio, e lá aparecia Rothbart, um mago que se apresentava como uma ave negra. Talvez um verdadeiro prenúncio psíquico do processo de transformação (individuação*) que a bailarina viveria. No sonho ela é uma mulher que foi transformada em um cisne, e que só o amor do príncipe poderia quebrar esse feitiço. Mas o príncipe se apaixona pelo cisne negro, e então o cisne branco se mata.
E essa acaba sendo a história do filme. Mas o que eu gostaria de colocar aqui é que a beleza dessa história aparece quando vemos seu desenrolar não como algo concreto e externo, mas sim como um processo psicológico que vai se apresentando através de símbolos.
No mesmo dia em que teve o sonho ela vai à companhia de Ballet. No caminho, muito sutilmente, podemos perceber que ela vê seu reflexo na janela do metrô de uma forma diferente. Nesse momento vemos a projeção de sua sombra* em sua imagem, como se fosse outra pessoa.
Nina demonstra um comportamento infantil, inocente, é muito ligada à mãe (e a seus desejos) e perfeccionista. A mãe é superprotetora, uma ex-dançarina que deixou o sonho de tornar-se uma bailarina famosa quando sua filha Nina nasceu. Por aí já percebemos o quanto a personagem principal vive em função dos desejos da mãe. Ela é a representação da busca pela perfeição.
A personagem tem um andar rígido. Ao chegar ao ballet fica sabendo que o diretor Thomas (Vincent Cassel) fará uma versão de “O Lago dos Cisnes” e que procura uma bailarina que seja capaz de representar o cisne branco e o cisne negro. Nessa versão ele almeja uma execução visceral.
Nina é uma bailarina com muita técnica, disciplina, mas com pouca espontaneidade e sensualidade. Thomas sabe que ela seria certa para o papel do cisne branco, mas duvida de sua capacidade para fazer o cisne negro, justamente por sua atitude engessada e infantil.
Depois dos testes, a bailarina vai conversar com o diretor, e esse sempre a provoca, inclusive sexualmente, para que sua aluna desenvolva as características que estão em sua sombra – sensualidade, agressividade, espontaneidade – enfim, o lado visceral que Thomas quer apresentar em sua montagem de “O lago dos cisnes”. Nina nessa conversa é beijada “a força” pelo diretor e o morde nos lábios. E é essa atitude que lhe garante o papel principal. É como se nesse momento Thomas tivesse enxergado em Nina um pouco daquilo que ele buscava.
Os ensaios começam. A personagem é pressionada fisicamente e emocionalmente pelo diretor, por sua mãe superprotetora, pelas colegas com inveja e pela presença de sua rival – uma bailarina excitante e visceral – interpretada por Mila Kunis. Em suas costas a pele vai sendo marcada (provavelmente por ela mesma) no lugar do crescimento de suas “futuras asas”. A pele tem toda uma questão com o contato. É um órgão que expressa nossas angústias e transformações.
A personagem de Mila Kunis é aquilo que Nina não é. É a personificação de sua sombra. E é se aproximando dessa rival durante uma noite que Nina vai experimentando a integração de sua sombra. Ela vai se despojando de suapersona* perfeitinha para ser aquilo que é. Rompe com a mãe, transgride o “politicamente correto”, vive sua sexualidade, e vai se tornando uma mulher. Em uma cena as duas bailarinas transam – no delírio de Nina – e simbolicamente esse seria o momento da consumação da integração com a sombra.
Nessa altura do filme a personagem parece estar perdendo sua capacidade de discernir realidade de fantasia. Concretamente seria como se a bailarina estivesse entrando em um quadro psicótico. Simbolicamente sua transformação está a mil, seus aspectos sombrios lhe trazem força, e seu animus* (representado pelo diretor do Ballet) lhe impulsiona para tornar-se inteira.
Durante a noite de estreia Nina vive entre a realidade e a fantasia. Sua execução é perfeita e ousada, é como se encarnasse nos palcos tanto o cisne negro quanto o cisne branco. Em seu delírio seu corpo vai se transformando, adquirindo asas no lugar de braços, penas, olhos, enfim, ela é o cisne. E no final da apresentação, quando o cisne branco sobe as escadas para se matar vemos um disco dourado ao fundo – símbolo do self* – e ali se expressa o momento mais lindo de todos. A morte do ego, o encontro com o self e a percepção da personagem de que sim, ela foi perfeita. Essa morte quando é vista como algo simbólico se torna algo divino, lindo, o próprio amor que salva… ali seu inconsciente se realizou.
A perfeição não está em desempenhar perfeitamente um papel. A perfeição é ser inteiramente aquilo que se é. Lembrem-se: só podemos crescer para o lado que ainda não fomos. Essa é uma história sobre transcender o meramente humano.
O filme trabalha muito com as cores atribuídas ao processo de individuação também: o preto (nigredo) que simboliza o estado de confusão, o branco (albedo) que representa um estado de maior clareza da psique e o vermelho (rubedo) que aparece na cena final, com o sangue da bailarina, que representa o estado de iluminação e realização da psique.
Termos:
* individuação: processo de desenvolvimento psíquico, que diz respeito à integração do consciente com o inconsciente. É quase como se fosse um caminho para a iluminação.
* sombra: personificação de aspectos do psiquismo que são rejeitados pelo indivíduo. É aquilo que somos e que não combina com a persona.
* persona: é a forma como nos apresentamos ao mundo. Podemos dizer que é um personagem, mas nem sempre temos a consciência de que somos mais do que papéis.
* animus: personificação masculina na mulher faz a ponte entre o ego e o self.
* self: centro organizador da psique, representa a totalidade e a unidade do ser.


segunda-feira, 28 de março de 2011

De Hollywood para o Mundo Animal.

Deixemos a ficção por um momento, atravessemos o Atlântico e façamos  uma visita ao sul da África.
Este roteiro foi realizado por mim. Um safari na África do Sul. Sugiro, se você tiver certo espírito de aventura, que o faça algum dia. Você não esquecerá nunca mais, eu prometo.
O ponto de partida é Johanesburgo, capital comercial da África do Sul, terra de Mandela. Aproveite e visite o bairro de Soweto, onde ele morou e que se constituiu um centro de resistência à segregação racial.
São quatro horas de ônibus até o Resort The Legend Safari, em plena savana africana, numa reserva.
O Resort é um lugar mágico, diferente, com construções adaptadas ao mundo totalmente natural. Muito silêncio e pouca luz à noite, apesar de um conforto excelente nos bangalôs aparentemente rústicos. O chão do banheiro, por exemplo, surpreende por ser adequadamente aquecido.
É possível usar o celular, embora seguramente você não sinta vontade de fazê-lo ou não terá tempo.
O melhor passeio é por volta das cinco ou seis horas da tarde, quando os animais saem para procurar alimentos, especialmente os leões. Há também um passeio de helicóptero, mas o aparelho tinha sido alvo de um ataque distraído de um pássaro. Não podia voar naqueles dias.
Durante duas horas, acompanhados de dois experientes e seguros sul-africanos, representantes dos 17% de brancos da população, e mais  quatro amigos, percorremos trilhas acidentadas em um jipe aberto. 
A paisagem que nos cerca ao longo da aventura é deslumbrante. Por todo o horizonte, silhuetas de enormes e marcantes cadeias de montanhas protegendo a savana com seu solo aparentemente seco, vegetação típica e de poucas cores.
A maior emoção que sentimos é quando nos deparamos com algum animal, ali em seu próprio território, no qual é soberano conhecedor de caminhos estranhos, esconderijos, sombras, riachos.
É difícil conter a emoção ao lançar mão da máquina fotográfica para registrar. A mão treme. É mágico. É único.
Um sentimento que mistura medo e alegria me ocorreu. Eu me lembrei de que estava ali, totalmente entregue àqueles corajosos dois homens  e irremediavelmente longe de minhas filhas, de minha casa, de meu país. Restava apenas se entregar à emoção e àquela aventura. Não havia para onde correr.
À noite, no típico jantar oferecido aos hóspedes, mulheres africanas do local se apresentaram com danças típicas em torno de fogueiras, iluminando um sonho. Lembrei-me dos gritos de Tarzan da minha infância e das danças típicas do Maranhão, levadas pelos escravos. Entrei na máquina do tempo e pude vê-las antes de chegarem ao Brasil, em primeira mão.
As fotos abaixo foram tiradas por mim e pela Rosane, minha mulher e companheira dessa aventura. Uma pequena amostra de um roteiro cheio de emoções.





quinta-feira, 24 de março de 2011

A felicidade tem endereço


Em meio a tantas catástrofes naturais, revoltas populares, a vida urbana nos grandes centros desgastante e quase insolúvel, a saúde das populações em frangalhos, a epidemia de obesidade, o desequilíbrio ambiental (e chega de queixas), crescem os apelos por um mundo novo. Multiplicam-se as reflexões, estudos, propostas e ações que ajudem a mudar este roteiro. O intenso debate sobre este assunto produz facilmente uma pergunta: é possível prosseguirmos com este modelo de desenvolvimento?
Uma edição do Globo Repórter, disponível no seu site, exibida em 03.12.2010, dá luz a esta escuridão de dúvidas e vai além de uma reportagem. Para mim, tornou-se como um filme, com trilha sonora, fotografia, roteiro e enredo dignos de prêmio, além de apresentar uma protagonista perfeita, precisa na interpretação.
Incentivo que assistam a este episódio, gravado na Itália, que percorre pequenas cidades encravadas em montanhas ou esculpidas e debruçadas sobre o mediterrâneo, nas quais é possível preencher todos os desejos, inclusive de encontrar a felicidade tão sonhada, num estilo de vida irrepreensível. O Banco do Tempo, uma ideia inédita, é um exemplo curioso de um modo novo de viver em comunidade.
A atriz (ou apresentadora) chama-se Ilze Scamparini, há muito radicada na Itália como correspondente da TV Globo.
Sobre ela sempre comentamos na minha casa, com enorme entusiasmo, a precisão dos textos, a serenidade da fala, o roteiro de suas matérias que se completam com um estilo convincente, que seduz enquanto informa.
Não há chance de vê-las (autora e obra) no cinema. Siga o link e bom "bom filme”. Aproveite e pense no seu estilo de vida.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Elizabeth Taylor morre em Los Angeles

Morreu hoje Elizabeth Taylor, internada em um hospital de Los Angeles (EUA) desde feveriro, com problemas no coração.
O primeiro post do blog,12/02/2011, foi sobre a atriz inglesa.
Em sua homenagem, reproduzimos abaixo:

A Revolução no Egito,Cleópatra e Elizabeth Taylor

Elizabeth Taylor em cartaz do filme Cleópatra

A revolução (popular e justa) no Egito é o fato da semana.
Coincidência ou não, Elizabeth Taylor, a eterna Cleópatra, inquestionável símbolo da beleza da mulher em toda a história do cinema, foi internada nestes dias em Los Angeles, com problemas cardíacos. Ela nasceu em 23 de fevereiro de 1932, em Londres, o que aumenta a coincidência entre os fatos.
História, poder, revolta e traição aproximam as duas notícias,uma vez que o papel de Cleópatra,A Rainha do Egito, marcou a carreira da atriz.
Bom motivo para rever Cleópatra, o filme(1963), admirar Elizabeth e rever parte da história do país das pirâmides e centro das atenções do planeta nestes dias.
Lembrete: o filme é longo,quase quatro horas.
Circula na mídia especializada que Angelina Jolie vai interpretar Cleópatra em 3D. Vamos esperar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Pelo perdão de Jesus Cristo

Mel Gibson foi condenado recentemente, no dia 11 de março, a prestar serviços comunitários e a assistir palestras durante 52 semanas, em virtude de ter agredido a ex-namorada. No passado, já havia sido pego dirigindo em alta velocidade e embriagado.
Comportamento violento contra mulheres deva ser exemplarmente punido, seja quem for o autor.
Este ator australiano já protagonizou e dirigiu excelentes e bons filmes ("Sinais”-EUA/2002- é um dos meus favoritos) e dois, em especial, causaram-me enorme emoção:
“Coração Valente” (1995-EUA) tonou-se um épico para sempre. Difícil até começar a relembrá-lo.
A cena de tortura, no final do filme, constitui-se em um dos momentos em que o cinema realiza seu destino. Lutamos, sofremos, resistimos, doemos e morremos com imensa solidariedade ao personagem. Entendemos os valores que diferenciam os homens e nos estimulam à dignidade. Dignos da história e dignos de nossos amores, pois é por amor que William Wallace começa uma guerra sangrenta para libertar a Escócia e que termina com suas vísceras expostas sob a perplexidade de pobres e explorados súditos.
Não me incomodou a reconstituição da vida rude e da violência do Rei e seus infelizes seguidores.
Emocionou-me o drama de seu filho desrespeitado pelo homossexualismo que tentava esconder e me indignou a política de seu pai, um tirano de época, os conchavos e traições.
Mas há beleza na história, há ternura, paixão e uma linda mulher amada. A trilha sonora do filme me acompanha. Ouvi-la causa boa recordação.
Outro tipo de emoção me causou "A Paixão de Cristo” (2004-EUA), em que Jesus foi interpretado por James Caviezel (Déja Vu/ Violação de Privacidade) e dirigido pelo ator condenado.
Lembro que saí do cinema calado, absorto em pensamentos, humilde. Completamente humilde e grato pela coragem de pedir perdão a Deus pelos meus, vejam só, sofrimentos reclamados. As últimas horas de vida de Jesus pareceram conter todo o drama da humanidade.
Alguns reclamaram das cenas, que acharam exageradas, muito fortes.
Desculpas, meras desculpas. Doemos foi de remorso.






domingo, 20 de março de 2011

"Esposa de Mentirinha" e uma comédia de verdade.

Há muito tempo, alguns anos eu diria, não me entregava às gargalhadas como no filme "Esposa de Mentirinha" (2011-EUA), em cartaz nos cinemas.
A dupla Adam Sandler (Como Se Fosse a Primeira Vez/Eu os Declaro Marido e... Larry/Gente Grande) e Jennifer Aniston (Friends- série de TV americana/Marley e Eu/Separados pelo Casamento) protagonizam um roteiro óbvio, mas cativante.
Jennifer dá um show de interpretação, acompanhada de uma jovem atriz promissora.
Uma típica comédia romântica, absolutamente fiel aos ingredientes do estilo imbatível dos americanos, que consegue nos relaxar com piadas e situações cômicas, até infantis, mas que surpreende com momentos de um romantismo impecável.
Até o tremendo esforço de Nicole Kidman (Austrália/A Feiticeira/Moulin Rouge) para nos fazer rir é perdoado
O filme é gostoso, estimulante e muito, muito relaxante.
Vá se divertir. Solte o sorriso. Desligue-se de seus insistentes problemas. Faça isso por você.

sábado, 19 de março de 2011

O Almanaque de Michelle Obama

No dia em que o presidente americano Barack Obama chega ao Brasil, o Almanaque fala sobre o estilo das primeiras-damas. Nos Estados Unidos, a repórter Mila Burns entrevista Kate Betts, a jornalista e crítica de moda da revista americana Time. O termo “primeira-dama” foi inventado no final do século XIX para designar as esposas dos homens mais poderosos do mundo, que testemunham diariamente conquistas, crises, guerras e acordos de paz.
O programa Almanaque deste sábado, dia 19, faz uma homenagem a essas mulheres entrevistando a autora do livro “Everyday Icon: Michelle Obama and the Power of Style” (com tradução livre, “Ícone de todo dia: Michelle Obama e o Poder do Estilo”). Kate explica como a elegância da primeira-dama americana ajuda a definir a cara do país e quais são as implicações políticas de suas escolhas. Segundo a jornalista, a advogada Michelle é a demonstração de que aparência e conteúdo são parceiros. A autora aproveita ainda para comentar sobre o estilo da atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
O Almanaque será exibido na madrugada de sábado, dia 19, para domingo, às 00h05.
Nota: O texto foi copiado do site da Globo News.  http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1654056-17665-302,00.html 

sexta-feira, 18 de março de 2011

A nossa bagagem vai nos matar.

Eu começo objetivamente: a tragédia no Japão(refiro-me ao terremoto e ao tsunami subsequente) não tem relação alguma  com o aquecimento global.
Não faz parte de um roteiro de previsão das consequências da ação do homem sobre o planeta. A nossa querida e maltratada Terra, nossa bola maior, tem sua própria vida e hábitos, e não se importa muito conosco, e nem deveria, eu acho.
Entretanto, este evento deve nos levar à reflexões sobre a ocupação do planeta e o modo de vida que hoje cultivamos.
A verdade é que hoje somos muitos, estamos em todos os lugares e levamos conosco nossas tralhas, desde um saco de coisas velhas da infância até as usinas nucleares.
A maioria de nós detesta argumentos ambientalistas quando estes sugerem mudanças em nossos hábitos tão prazerosos. No máximo, a maioria admite que seja verdade, que essa vida é muito estressante, mas não faz absolutamente nada além de trocar sua geladeira antiga por uma nova, mais eficiente ou, já no campo do mero prazer e competição social  substituir a TV de LCD pela de LED, cuja definição é melhor e o som, dizem os vendedores, é quase igual ao do cinema. Sim, ia esquecendo, todos dizem aos amigos que assistiram ao documentário do Al Gore que é impressionante e que devia ser visto pelos jovens.
A questão essencial que este  caos japonês estabelece, incluindo aqui em grande e maior relevo o acidente nuclear, ao invadir a nossa casa confortável e trazer algum nível de medo, conforme nossa proximidade da ilha do sol nascente, é se conseguiremos continuar vivendo levando as velhas bonecas e as usinas a todos os lugares, quanto tempo esse piquenique vai durar e quem vai catar moedas espalhadas pelas ruas de entulhos onde ficava o banco.
Reveja a cena daquele navio “estacionado” no meio da antiga rua da cidade japonesa e pense em um cofre retorcido de portas abertas pousado numa calçada.
Hoje, quando descobrimos um novo paraíso ecológico, um novo “destino turístico”, se é que ainda existe algo para descobrir, irremediavelmente temos que levar um monte de tralhas para lá vivermos, ainda que a passeio. Esse lugar que sempre conviveu com a nossa "Bola" se mexendo ,enchendo, vazando, esfriando, esquentando, nascendo e morrendo em suas plantas raras, não se importa com a nossa presença durante algum tempo, mas em seguida avisa: seu jeito de ter prazer não combina muito comigo. Um dos dois vai acabar se sentindo mal.
Eu sei que essa conversa incomoda. Eu sei que já há alguns milhares de linhas, ou “bilhares”, dizendo com muito mais precisão, acerto e categoria o que aqui resmungo.
Mas os tremores da "segunda economia" do planeta devem ser levados a sério.
Não estou aqui discutindo este ou aquele modo de produção de energia, embora  isso deva ser feito com muita seriedade e lucidez. Estou dizendo que o perigo é que nos multiplicamos e nos espalhamos de modo trágico, estressante, obeso, cancerígeno, senil, irritante, engarrafado, poluído, ganancioso e insaciável. Nossos brinquedos e caixinhas de tesouros estão nos matando.
Há um filme de ficção científica intitulado  "O Dia em que a Terra Parou" (2008-EUA), que mereceria ser revisto. Nele, alienígenas invadem a terra para destruir apenas a nós, humanos. Seu objetivo não é nos dominar e ficar com as nossas riquezas naturais. É simplesmente salvar o planeta, patrimônio de todo o Universo. O líder da matança, interpretado por Keanu Reeves (Alguém Tem Que Ceder/ A Casa do Lago) tenta falar com os nossos chefes para evitar a sua ação, mas é rechaçado e então segue com o plano. Contudo, é convencido a nos dar uma chance, influenciado por uma cientista, vivida por Jennifer Connelly (Ele Não Está Tão a Fim de Você/ O Dilema), que lhes diz haver certo sentimento nobre, que poderia ser chamado de amor no sentido mais amplo, que habita esquecido entre nós e que poderia nos humanizar. Seduzido por esta esperança, nosso matador, no último ato, afugenta seus “soldados” e nos dá uma última e derradeira chance.
O filme não ganhou indicações para o Oscar, mas é, seguramente, oportuno.E talvez,ao assistirmos, sejamos incentivados a aproveitar alguma chance que ainda nos resta no mundo real.








quinta-feira, 17 de março de 2011

O Último Samurai e o caos.

As notícias da tragédia no Japão são sempre acompanhadas de menções ao modo peculiar como  os japoneses estão reagindo neste momento de extrema dor e ameaças que não param.
Seja na busca de sobreviventes ou na forma de fazer os comunicados, a tradicional “calma” japonesa ainda sobrevive.
“O Último Samurai” (2003-EUA) filme dirigido Edward Zwick, com Tom Cruise (Missão Impossível)l e Ken Watanabe (Memórias de uma gueixa), é uma excelente oportunidade de entendermos um pouco esse comportamento.
Nathan Algren (Tom Cruise), um militar norte-americano de renome, é enviado em 1870 para ajudar o Imperador Mejji a derrotar os últimos samurais resistentes.
Capturado, ele convive e aprende novos valores em meio a um modo de vida marcado por uma postura de disciplina, respeito e tolerância como forma de aperfeiçoar o convívio entre os homens, cultivado há milhares de anos. Destacam-se valores que são, de algum modo, encontrados em meio à tragédia de agora.
Tudo envolto em uma fotografia marcante e uma trilha sonora indicada ao Oscar, assim como o figurino.



quarta-feira, 16 de março de 2011

EXTRA!!!! Filme indicado pelo blog é notícia no mundo todo(infelizmente)

16/03/2011 - 15h00

Estúdio de filme sobre tsunami doa US$ 1 milhão para o Japão

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DE SÃO PAULO

Tragédia no JapãoA Warner Bros. anunciou que vai doar parte dos lucros do filme "Além da Vida" ao Japão. O filme, dirigido por Clint Eastwood, reproduz o tsunami que atingiu a Ásia em 2004.
Segundo o jornal "LA Times", a doação será calculada sobre uma porcentagem da venda desta semana de DVDs e Blu-ray do longa metragem. A publicação afirma que a soma deve ficar em torno de US$ 1 milhão.
O dinheiro será destinado a ajudar as vítimas do terremoto e tsunami que atingiram o país na última semana.

Divulgação
Os atores Matt Damon (à esq.) e Jay Mohr em cena do filme "Além da Vida" (2010) de Clint Eastwood
Os atores Matt Damon (à esq.) e Jay Mohr em cena do filme "Além da Vida" (2010) de Clint Eastwood

Eastwood apoiou a iniciativa. "A devastação e as perdas que o Japão está enfrentando são quase incompreensíveis. Estou feliz em participar com a Warner deste esforço para ajudar o povo japonês", declarou o diretor.
Esta semana, "Além da Vida" foi retirado dos cinemas japoneses por ser considerado inapropriado para o público neste momento.

Veja o post  anterior.

terça-feira, 15 de março de 2011

O Tsunami do Japão que não queríamos fora das telas.

O Governo do Japão suspendeu a exibição do filme "Além da Vida",que sugeri no dia 02/03  e onde  destaquei no post a seguinte nota:
"Uma cena de um tsunami (embora incômoda pela lembrança de desastres recentes e reais) é surpreendente tecnicamente".
Lamento que a vida, neste caso,volte a imitar a arte  e deixo minha solidariedade aos japoneses por este roteiro de emoções totalmente indesejável.

O dia em que eu desejei ser um carteiro.

O Oscar 2011 teve excelentes filmes indicados. Dez ao todo. Poucas vezes qualquer resultado não seria uma surpresa. Da complexidade de “A Origem”, passando pela graça animada de “Toy Story 3”, o drama denso da bailarina de “O Cisne Negro”, a superação em “O Discurso do Rei” e em “O Vencedor”, há filmes para todas as preferências.
Rosane Furtado, envolvida  pela história que emerge  do espetáculo “O Lago dos Cisnes”, lembrou-se do seu preferido de todos os tempos, que assistiu solitariamente já faz algum tempo e me recomendou: "O Carteiro e O Poeta".
Na verdade, não é um filme, é uma poesia que eterniza a amizade entre o escritor chileno Pablo Neruda e um carteiro semianalfabeto. Um relembra sua trajetória e paixões, o outro confessa seu amor por uma mulher em meio a uma simplicidade comovente.
Pablo Neruda é interpretado pelo ator francês Philippe Noiret (Cinema Paradiso) e o carteiro pelo  ator e diretor italiano Massimo Troisi, que morreu vítima de um ataque cardíaco um dia após o encerramento das filmagens. O ator francês também já morreu (2003).
O filme, de 1994, é ambientado em um pequeno lugarejo na costa da Itália.
O encantamento, que mistura aspectos incomuns da personalidade de Neruda, a paixão poética do carteiro e as peculiaridades de uma pequena cidade italiana nos anos 50, deixou Rosane introspectiva e apaixonada.
É uma poesia, ou melhor, um filme italiano, mas com a calma dos lugarejos, o cheiro do mar e a força inigualável da amizade e do amor ideais. Um filme para assistirmos com carinho.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A paixão proibida e para sempre.


Foto dos protagonistas de" O Leitor"
Kate Winslet ficou famosa ao interpretar uma sobrevivente do naufrágio do navio Titanic, no filme que entrou para a história do cinema. Nele, é uma jovem comum para sua época e classe social.
Em “O Leitor”, Alemanha (2008), dirigido por Stephen Daldry, no qual ganha seu primeiro Oscar, torna-se uma mulher adulta e marcada por uma história insólita, um tanto amarga, mas emocionante. Porém, ganha a maturidade de uma atriz para sempre.
“O Leitor” é um filme que encanta por vários aspectos.
Aborda o universo de sentimentos causados pela escuridão do analfabetismo; reabre a ferida dos horrores do Holocausto; relata a reconhecida frieza e disciplina de uma família típica da Alemanha no pós-guerra e recria, com fidelidade, cotidianos perdidos no tempo.
Entretanto, o que mais me emocionou foi a paixão entre o jovem Michall Berg, interpretado no filme pelos atores David Kross (fase adolescente) e Ralph Fiennes (protagonista de “O Jardineiro Fiel") e uma mulher adulta, Channa Schmtz, personagem de Kate.
Tema universal e incansável, envolvimentos deste tipo costumam marcar vidas e deixar lembranças. Paixão que não se tem coragem de reprovar.

terça-feira, 8 de março de 2011

"Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi".

Eu acordei decidido a sugerir  um  filme como homenagem às mulheres pelo dia de hoje.
Percebi como seria difícil suplantar as emoções que desfilaram pela Sapucaí, no inicio deste dia, e que, indiretamente, homenagearam as mulheres através do tema da Beija-Flor: Roberto Carlos.
Procurei os arquivos que relacionam os melhores filmes de todos os tempos e as incontáveis histórias de amor e superação dedicadas às mulheres. Desisti. Há tantas preciosidades de todos os gostos que é impossível escolher o mais adequado.
Tomei a decisão de  escolher entre os meus preferidos e que,de algum modo, descrevesse as mulheres sem transformá-las  em Evas, Madalenas ou Damas de Ferro.
Optei, ainda, por um filme que fizesse rir,mas que tivesse algum drama e que terminasse como num sonho : uma comédia romântica.
O meu roteiro de emoções para esta terça-feira de Carnaval, no cinema ou em casa, é "Alguém Tem que Ceder".
Como as mulheres,sabiamente, adoram surpresa eu não vou fazer sequer uma breve resenha.
Espero que o seu dia, queridas mulheres, possa terminar como no filme,ainda que para isso tenham que fechar os olhos.



sexta-feira, 4 de março de 2011

Roteiro de emoções sem confete e serpentina.

Vamos ter algumas estreias nos cinemas durante o final-de-semana.
Consulte a programação da sua cidade.
As informações e resenhas abaixo são do site do Cinemark.
Comentaremos oportunamente estes lançamentos:

LOPE
Elenco: Leonor Watling, Sonia Braga, Luis Tosar, Alberto Ammann, Pilar López de Ayala, Selton Mello
Direção: Andrucha Waddington
Gênero: Drama
Distribuidora: Warner Bros
Sinopse: ´Lope´ acompanha a juventude do espanhol Lope de Vega, um dos maiores dramaturgos e poetas de todos os tempos, autor de obras como "Amarílis" e "La Arcádia".
GNOMEU & JULIETA 3D
Elenco: Daniel Oliveira, Vanessa Giácomo, Ingrid Guimarães
Direção: Kelly Asbury
Gênero: Infantil
Distribuidora: Imagem Filmes
Sinopse: O diretor de Shrek 2 traz a mais famosa história de amor de todos os tempos estrelando ANÕES DE JARDIM! Gnomeu e Julieta vão enfrentar muitos obstáculos para viver um amor proibido. A regra é clara, um gnomo vermelho do jardim do Sr. Capuleto nunca poderá se misturar com os gnomos azuis do jardim da Sra. Montéquio.
ESPOSA DE MENTIRINHA
Elenco: Jennifer Aniston, Adam Sandler, Heidi Montag, Elena Satine
Direção: Dennis Dugan
Gênero: Comédia
Distribuidora: Columbia Tristar
Sinopse: Um cirurgião plástico de caso com uma professora bem mais jovem pede à sua leal assistente que finja ser a esposa de quem ele está se divorciando para encobrir uma mentirinha casual. Após mais mentiras que saem pela culatra, os filhos da sua assistente também acabam envolvidos, e todo o grupo parte para um fim de semana no Havaí que mudará as vidas de todos eles.
VOVÓ... ZONA 3
Elenco: Martin Lawrence, Brandon T. Jackson, Jessica Lucas, Portia Doubleday
Direção: John Whitesell
Gênero: Comédia
Distribuidora: Fox Films
Sinopse: Vovózona está de volta e agora com o grande reforço de seu enteado adolescente, Trend. Martin Lawrence volta a ser o agente do FBI Malcolm Turner e seu disfarce e alterego: Vovózona. Turner se junta a Trent enquanto ele permanece escondido em uma escola de artes apenas para meninas, após ter testemunhado um assassinato. Camuflados como Vovózona e a volumosa Charmaine, eles terão de encontrar o assassino antes que ele os encontre.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Veja o resultado da Promoção "E o Oscar vai para..."

Três seguidoras (Talita, Mikaella e Taisa) manifestaram seus votos, atendendo à promoção do blog.
Como ninguém se manifestou até o prazo limite, 23h59 do dia 26, não há vencedor, mas Roteiro da Emoção agradece muito a participação.
Taisa Furtado, argumentando dificuldades em se manifestar pela caixa de comentários, encaminhou seus votos por e-mail e errou na indicação de melhor ator e atriz coadjuvantes.
Todas erraram em duas indicações.

A qualquer momento o Blog anunciará outra promoção.


Vida e morte...morte e vida.A dúvida continua.

"Além da Vida" (2010), filme dirigido por Clint Eastwood (As Pontes de Madison e outros tantos) e estrelado por Matt Damon (Gênio Indomável, Invictus, A Supremacia Bourne, Bravura Indômita) trata do tema  vida após a morte  sem  recorrer aos dogmas ou à paixão das religiões.
É uma abordagem  não definitiva.
O estilo cuidadoso, boa trilha sonora e delicadeza de Clint estão presentes.
Matt Damon domina seu personagem com a qualidade de sempre.
O menino Marcos (George McLaren) é outro destaque.
Uma cena de um tsunami (embora incômoda pela lembrança de desastres recentes e reais) é surpreendente tecnicamente.
São três boas histórias que se entrelaçam.