segunda-feira, 30 de abril de 2012

A primeira receita de Roteiro, dedicada a Sérgio Abreu



Receita de uma Moqueca “Suave” de Robalo
Ingredientes para cinco pessoas


       1-  Dois kg de robalo fresco cortado em postas.
       2-  Duas cebolas, cortadas em rodelas.
       3-  Dois tomates, cortados em rodelas.
       4-  Dois pimentões (vermelho e amarelo), cortados em rodelas.
       5-  Duas cabeças de alho picadas
       6-  Cheiro verde  e cebolinhas picada
       7-  Dois limões
       8-  Sal a gosto
       9-  Uma caixa pequena de leite de coco
       10- Duas colheres de sopa de dendê.
       11- Azeite de oliva extra virgem
       12- Duas colheres de sopa de extrato de tomate
       13- Um bom CD de jazz clássico
       14- Vinho tinto seco.

       Aqueça a panela e regue com azeite. Coloque as postas em camadas, alternando com as rodelas de tomate, cebola e pimentão.

Acrescente o molho de peixe (resultado da marinada e acrescido de duas  colheres de  extrato de tomate), salpique o alho, regue com mais um pouco de azeite, duas colheres de sopa de dendê e o leite de coco.

Após o tempo necessário para o peixe cozinhar até o ponto ideal, apague o fogo e acrescente o cheiro e a cebolinha, e vá fazer os acompanhamentos: arroz soltinho e pirão.

O som deve ser ligado logo no início dos trabalhos.
Abra um vinho tinto seco de sua preferência (gosto de encorpados) e vá bebendo, sem pressa, durante a preparação da receita.

OBS: A receita é de uma MOQUECA DE ROBALO SUAVE. Por isso, pouco dendê e leite de coco, e nenhuma pimenta. Deixe que ela seja acrescentada durante a refeição a gosto do freguês.

Considero o robalo, o jazz e o vinho degustado indispensáveis para o resultado obtido.

Durante a refeição, beba o vinho que preferir. Há uma lenda de tomarmos vinho branco quando o prato é bicho do mar. Não sigo à risca essa recomendação, mas um vinho português verde pode ser uma opção.  Até uma isolada dose de  boa cachaça regional é alternativa para abrir os trabalhos à mesa.

Nada disso, contudo, alterará a moqueca se as dicas forem seguidas.

Bom apetite, e aceito convite para provar.

sábado, 28 de abril de 2012

Robalo ao jazz e um sonho de valsa

O som do jazz clássico invadia a cozinha.
Atenuava o aroma forte das cebolas e o cheiro do "cheiro".
Rosane escolheu carinhosamente a receita, a partir da chegada de um punhado de robalos quase frescos.
Eles não são frequentes em nossa cozinha, mas foram escolhidos para substituir a pescada maranhense em falta por aqui. Fazer o quê, como se diz.
Decisão tomada: sábado de moqueca.
A  "chef" foi logo dizendo que a vez era da dona da casa.
"Epa", disse eu com autoridade duvidosa: eu vou auxiliar.Preciso aprender. Venci.
A "chef" foi me dando ordens e se queixando do amadorismo. Prometi obedecer.
Essa tal de "chef" é a Valdenira, chamada de "Dica" por uma criança de nossas amorosas lembranças dos anos 80, hoje uma mulher, a Talita.
As irmãs e nós adotamos o nome pequeno e carinhoso. Virou identidade.
Dica não é chef, nem governanta, nem empregada, nem secretária.
É a quinta mulher da casa. Suas opiniões se tornam quase sempre roteiro. Sua generosidade e companhia fazem nosso dia-a-dia saboroso em todos os sentidos.
Compartilhamos tudo com ela. É filha igualmente, sempre que aceita.
Vivo  repetindo, com extrema humildade, que não somos felizes sem ela.
A moqueca foi tomando jeito, apesar de minha execução. 
As postas de robalo, tomates, cebolas, cheiro, cebolinha, dendê, leite de coco e outras coisas foram se reunindo com sentido e ordem.
Pouco tempo depois, senti-me o máximo, aluno obediente, orgulhoso.
Provamos juntos, eu e Dica. Otimismo. Corajoso, eu disse que estava fantástico. O entusiasmo é um defeito próprio.
Dica sorriu, mas não tomou providências extremas.
A resultado ficou lindo. Coisa de profissional. Arroz soltinho e pirão clássico se juntaram depois.
A receita da mulher principal ficou supimpa.
A moqueca ficou suave.
Um sonho de valsa gelado, obra de Tamires, encerrou uma mesa de família num sábado quase comum.
OBS: Recomendo, na receita, o jazz clássico. Acho que é o segredo.


                                   
Robalo em moqueca

quarta-feira, 25 de abril de 2012

João Pessoa, um amor de lugar

Já confessei meus amores por Aracaju. Agora, arrasto a asa para João Pessoa, na Paraíba.
Desde a década de 80, aquela pequena, charmosa e moderna cidade se abriu para o país e para o mundo.
Coladinha a Recife, soube importar o que lhe convinha e aproveitar a fama da vizinha. De uma para a outra é pertinho, seja de carro ou de avião, neste caso, um salto à distância.
Sempre me impressionou o cheiro forte das algas que dançam à beira do mar em Tambaú e as crocantes agulhinhas.
Mas há uma atmosfera que não defino bem na cidade. Simpatia, aconchego, acolhimento.
O velho e bom Mangai, hoje uma grife espalhada por outros estados, com os quitutes nordestinos, o pôr do Sol no Jacaré, as praias da cidade até chegar à irmã Cabedelo, para o norte, ou outras rumo ao sul, em parceria com o Rio Grande do Norte, incluindo Tambaba sem roupa; enfim, há prazeres para todo gosto. Por aquele lado, há uma praia feita com a mão do criador, chamada Coqueirinho.
Além de tudo, tem a famosa ponta mais perto da Europa, que nos faz sonhar com uma travessia, ou imaginar que podemos olhar o porto de Lisboa.
E os paraibanos de lá, gente bonita, alegre, sem vaidade e encantadora.



João Pessoa é uma graça.

Com direito a música clássica, veja o pôr do Sol do Jacaré(google)



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Eu, minha mulher e o Flamengo

Uma das vezes mais marcantes em que ouvi Rosane falar com emoção sobre futebol foi na Copa do Mundo do México, em 1986.
Assistíamos, pela TV, ao jogo Brasil x França, entre um grupo de amigos. Partida difícil, empatada em 1 x 1, e Zico perde aquele inesquecível pênalti de sua vida (e das nossas).
O jogo caminhava para a prorrogação e pênaltis, que ocorreriam mais tarde, e ela suplicou:
"Danilo, faz alguma coisa".
Quem me dera meu amor, quem me dera!
26 anos depois, ontem, solitários em casa, lembrei-me daquela derrota, quando a vi torcer emocionada pelo empate entre Olímpia x Emelec, enquanto assistíamos à vitória fácil do Flamengo, no Engenhão.
Sua vibração com o primeiro empate e depois com o segundo, lá pelos 42minutos, foi uma graça.
Sorriso de torcedora fanática, braços agitados pela classificação e alguns travesseiros jogados para cima. Até eu não segurei o sorriso. Surgia uma torcedora fanática ali? Foi o Flamengo ou uma vingança pelas piadas de tricolor que sempre escrevo?
Seus movimentos loucos foram acompanhados dos gritos enlouquecidos dos flamenguistas do Bar Chopim, pertinho de nossa casa. Aquela gritaria de gol, de título.
De repente, ao vivo, seu mundo desaba com a cabeçada "desgraçada" do equatoriano do Emelec.
Aos 48 minutos, o desempate indesejado.
Sua fisionomia mudou como uma mágica indecifrável.
O sorriso sumiu. Decepção, tristeza, frustração. Senti pena, mesmo que tenha vibrado com o gol.
Levantei da cama, com os braços para cima: "Ahá, Uhú, o Emelec é nosso"... Que sacanagem!
Coisa de tricolor classificado...hehe
Saí do quarto para só voltar mais tarde, vida normal, desclassificação assimilada.
A torcedora foi embora, graças a Deus, diminuindo minha culpa.
Somente o futebol é capaz de tantas transformações.
Que beleza a noite de ontem. Que beleza!

                                                  Ahá, Uhú....