quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rio em dose dupla

Duas dicas da cidade maravilhosa.
Primeiro, o musical "Cabaret", com Cláudia Raia e Jarbas Homem de Mello, no teatro Oi Casa Grande, ao lado do Shopping Leblon.
A atriz está exuberante aos 45 anos, combinando sua voz firme e marcante com interpretação precisa.
Interpreta a cantora bêbada Sally Bowles do "Kit Kat", um cabaré de Berlim, às vésperas da vitória política do partido de Hitler, pelos idos de 1932. O Nazismo iniciava seu ante-espetáculo macabro e repugnante.
O mestre de cerimônia, o ator Jarbas Homem de Mello, jovem, talentoso e bonitão, rouba a cena e se apresenta como um profissional maduro e acostumado às plateias exigentes. A atuação transformou a parceria em namoro na vida real. O namorado está indicado a prêmios.
Com quase três horas, "Cabaret" tem casa lotada sempre e é uma superprodução à altura da Broadway e de Londres, onde se firmou. É mais conhecido pelo famoso filme de Bob Fosse, estrelado por Lize Minnelli.
"Cabaret" fica em cartaz até junho neste endereço, segue para uma temporada popular no Teatro Procópio Ferreira e depois sai em turnê pelo país.
É dirigido por Possi Neto e tem adaptação de Miguel Falabella.
Roteiro recomenda. Quando for ao Rio não perca.
Para jantar depois do espetáculo, ou tomar uns bens arrumados drinks antes, a boa é o Complexo Lagoon, na Lagoa Rodrigo de Freitas, defronte da sede do Flamengo, na Av. Borges de Medeiros, nº 1424(antigo Estádio do Clube de Remo).
Amplo, abriga cinco restaurantes tradicionais (e excelentes) da cidade, que desfrutam do mesmo terraço com a deslumbrante paisagem da Lagoa.
Os restaurantes são o Giuseppe Grill Mar, Quadrifoglio Café, Gula-Gula, Pax Delícia e o San Remo. Se nenhum agradar, procure um divã.
Com decoração moderna, o espaço é ideal para qualquer hora, almoço, início de noite e, claro, um jantar enamorado.
A cidade ganhou mais um espaço em seu já interminável cardápio de bom gosto.
O complexo tem ainda cinema e casa de espetáculo.
De lá para o teatro você pode  ir andando e fugir do trânsito.
Cláudia Raia em "Cabaret"(O Globo)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Papai, ligue o rádio!

Se o blog é Roteiro da  Emoção, vamos a ela. Sem medo. Sem prevenção.
Insisto que o bom de ser torcedor é a euforia. O contrapeso é a frustração da derrota.
Mas como ter a primeira sem o risco da segunda?
E mais. A espera alimenta a boa ansiedade, aquela que faz a semana ser interessante. Bem vinda.
Hoje, neste momento, intervalo do trabalho para o  almoço, já teve sua metade consumida.
Assim, falta o resto de hoje, a terça inteira e o tempo do sol na quarta, pois  a emoção começa às 19h30, no Engenhão.
Estou com um palpite, ou melhor, uma sensação. E é de euforia.
Impossível não se lembrar da final da Libertadores de 2008, sobre a qual escrevi o post "Papai, por favor, desligue o rádio", em que confessei a frustração do jogo contra a LDU.
Do mesmo jeito de agora, estávamos em desvantagem. Pior  até.
Uma campanha, "Eu Acredito", chegou às redes sociais e envolveu tricolores e outras torcidas.
Desta vez bastam dois gols. E não levar nenhum.
Não sei se vai haver outra campanha. Mas eu mais que acredito. Estou confiante. Mesmo.
Vamos classificar e bem. Ganharemos com o placar necessário. Jogaremos como nunca.
Firmes na defesa, lépidos no ataque, com direito a golaço, emoção, atos e gestos de guerreiros.
O Boca não vai entender o que houve. Será sufocado. Não terá chance. Seremos impecáveis como no jogo de 4 x 1 contra o Botafogo.
Será uma grande noite. Linda. Noite de Chelsea. Festa dentro e fora. Bares tricolores comemorarão noite adentro.
E, assim sendo, queridos torcedores dos outros times, colocaremos a mão na Taça para não mais largar.
Fluminense será campeão antecipado na quarta-feira.
Mais um “jogo para sempre”.
Papai, deixe o rádio ligado.
"Assim será" ( foto sportv)
                               

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Juventude e ternura", com Wanderléia e Anselmo Duarte.

Foi por acaso. O vício do cinema me fez procurar alguma atração na TV, às nove horas da manhã de domingo, dia da final do carioca. Acordei cedo no dia das mães por bons motivos.
Telecine me oferece,  assim como quem não quer nada, um filme que já havia começado, talvez cinco minutos.
Rio, final da década de 60. "Epa, espera aí. Conheço esses dois"!
"Juventude e Ternura"(1968) era inédito para mim.
A protagonista, Beth, era interpretada por Wanderléia, que fazia o papel dela própria, bem no início de sua carreira.
O galã Anselmo Duarte, um produtor contrabandista e mais velho, descobre e lança a "ternurinha", com direito, claro, a se apaixonar pela garota que poderia ser sua filha.
De contemporâneo, a corrupção do descobridor de talentos, sócio de um Jorge Dória chefão da organização, que contrabandeava uísque. Vendiam para as boates do Rio o malte nacional com rótulo estrangeiro. Pouca coisa mudou.
O roteiro de Braz Chediak, parceiro de Nelson Rodrigues, Doc Comparato e Gilvan Pereira em "Bonitinha mas ordinária", é simples e de época.
Wanderléia, muito jovem, é uma cantora bonitinha, ingênua, mas que já levava seus fãs para os aeroportos, quando chegava para os shows, transmitidos ao vivo pela TV.
A história cantarola por Recife, sem arranha-céus (muito poucos) e uma Salvador provinciana, além da própria cidade do Rio de Janeiro. 
O que encanta, na verdade, não é a história, a malandragem mal terminada do produtor corrupto, a paixão da estrela pelo seu compositor preferido, nada disso.
É a memória da época, os passeios de fusca, os aviões da Cruzeiro do Sul, a capa da Manchete, um Galeão modesto, o Rio mais do que nunca romântico, musical e com uma Barra da Tijuca que ainda não era.
Gostei da atriz, dirigia por Aurélio Teixeira.
O filme tem ainda Jorge Dória, Ênio Gonsalves, Bobby di Carlo, Cyl Farney, Amilton Fernandes e Roberto Maya entre outros.
Fiquei emocionado com a "juventude" e a "ternura" daquele tempo. Aliás, sinto isso o tempo todo.

Reveja(ou veja):

 http://www.youtube.com/embed/FDbcI7bPYPw



                                    

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Às favas com a cautela. Viva a euforia!


Um amigo das redes sociais me disse ontem que eu era um fanático pelo Flu. No contexto, foi uma declaração simpática. Não uma crítica.
Realmente, eu não sou fanático, do jeito reprovável de ser.
Ganhando ou perdendo o Fluminense, eu não deixo minhas rotinas, não perco o sono, não choro.
Já chorei de alegria em vitórias memoráveis, nunca de tristeza ou raiva, inconformismo.
Mas sou fanático em viver a euforia, educada, gentil, bem humorada, das grandes vitórias.
E ontem, 06/05/2012, foi uma grande vitória.
Um jogo memorável. Um “Jogo para Sempre", como definiu uma série de TV, que reprisava jogos históricos.
Um jogo impecável. Não acho outra palavra, impecável.
O gol do Bota, logo no começo, foi claramente um gol de sorte, que no mundo das peladas receberia outro nome.
A partir de mais um pouco de tempo, o Fluminense começou a controlar o jogo e ir à busca do justo empate.
Aí começa o "impecável".
Gol de bicicleta, linda, perfeita, pelos pés do capitão Fred. Golaço... aço...aço, como diria Jorge Curi.
Jogo virado, troca de campo e o "impecável" continua.
Bota perde a cabeça e tem jogador expulso. Sorte ou azar, nunca se sabe.
Mais um pouco do show e Deco dá um passe de mágica, que nem Pelé fez para Carlos Alberto chutar “impecavelmente” o quarto gol contra a Itália, em 1970.
Calma, longe de comparar Deco com Pelé, o Capita com Sóbis.
O que me lembrou do lance do México foi a precisão, a certeza de Deco que a bola chegaria exatamente e na hora certa nos pés de Rafael Sóbis. Sincronia perfeita. Lance de placa. Rafael, sabendo o que ganhara de presente, chuta como manda o almanaque. Outro golaço para Jorge.
Coração batendo firme, alegria encharcando a alma, inquietação eufórica e vem o gol impossível.
Novamente um passe de amigo (Thiago Neves) e Sóbis faz um gol impossível, quase sem ângulo, dá um toque de sinuca na bola. Breve segundo de suspense, mas ela cai na caçapa.
Caberia a um garoto, Marco Jr, entrar para a festa também, em sua estreia logo na primeira decisão da vida, após tabelinha com participação de Deco e Fred.
Belo quarto gol. Vitória insofismável. Retumbante. Implacável e impecável. Essa palavra não me sai do sorriso.
Estado de graça. Euforia pura. Piadas educadas no blog. Gozação para os adversários. Inquietação saudável numa noite de domingo.
Na entrevista de Abel, o treinador feliz diz que não ganhamos nada e que a euforia deve ser controlada. Equilíbrio, pede ele.
Ora, ora, meu caro Abelão.
Às favas com a cautela.
Viva a euforia até o próximo domingo.

                                                  
 Este post foi dedicado aos flamenguistas e aos "Vice para Sempre".

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Sete dias com Marilyn" já é quase o bastante

Eu gosto de gente que ganha a vida com seu talento. Não importa muito a atividade, nem precisa ser uma caminhada solitária, até porque ela não existe.
Prefiro e admiro mais ainda se o roteiro for desvinculado do mundo burocrático.
Por isso, interessa-me, muito, biografias destes vencedores, tenham vida longa ou curta, ou daqueles que trouxeram mudanças, bagunçaram costumes, remexeram cotidianos.
A história de Marilyn Monroe sempre me despertou curiosidade. Não só por ser diva, símbolo sexual, loura, sedutora e conquistadora de homens, até presidentes.
Mas por ter sido uma criança sem amor, quase sem mãe e totalmente sem pai, que ela nunca soubera quem foi.
Sua trajetória esplendorosa ou triste, estrelar ou medíocre, conforme o olhar, foi marcada pela infância capenga. Entender o sofrimento e vícios que se escondiam na atriz sedutora é aprender a importância de amar e cuidar bem dos filhos.
Marilyn nunca soube o que era amor "dos pais" e, depois, nunca foi amada sem ser vista como um mito.
O filme "Sete dias com Marilyn" (EUA/Reino Unido - 2012) consegue explicar sua vida, relatado pelo assistente de produção Colin Clark (Eddie Redmayne)  que se envolveu com ela, apaixonou-se e viveu a melhor semana de toda a sua vida ao lado da atriz, em 1956.
São revelações recheadas de sensibilidade, vividas por um jovem de 24 anos, justificadamente seduzido e encantado por uma mulher de 30, que para seu azar (ou sorte), era a própria, à época casada com o dramaturgo Arthur Miller. O casal estava em lua - de - mel na Inglaterra durante as filmagens.
Além do mito, o filme nos permite, especialmente aos cinéfilos, mergulhar nos bastidores de um longa dirigido por Laurence Oliver (Kenneth Branagh), “O Príncipe Encantado”, e o complexo mundo da indústria do cinema nos arredores dos anos 60. Extraordinário, esse aspecto.
Há muito escrito, gravado e  especulado sobre o mito.
Em 2011, a Globo News apresentou uma série completa sobre Marilyn Monroe.
Imperdível.
O filme, contudo, usa o próprio argumento do cinema para nos acrescentar mais ainda sobre a intensa e curta( ela morreu em 1962, aos 36 anos) vida da mulher mais instigante do cinema e, quem sabe, de todo o século 20.
Marilyn é interpretada pela convincente Michelle Willians( Namorados para Sempre/
Ilha do Medo)

Colin Clark escreveu o livro "Minha semana com Marilyn", lançado no Brasil em 2000, que inspirou o filme. Ele  morreu em 2002, na cidade de Londres.

O Diretor é Simon Curtis, um desconhecido até ser também atraído por Marilyn.
                                              
Marilyn e Colin Clark, em cena do filme