Poético. Sofisticado. Encantador. Mágico.
Tanto faz a ordem. “A Invenção de Hugo Cabret " (EUA-2011) é isso
tudo ou qualquer das escolhas que fizermos acima.
Ameaçado pela rejeição dos cinéfilos, a tecnologia 3D está salva.
É possível
fazer um filme de não animação em que,
esquecendo dos óculos mágicos, nos sentimos envolvidos e presentes na
trama confortavelmente.
Neste caso, 3D ajuda.
“O Artista” tem companhia ilustre para homenagear o
cinema.
A história fantástica que nos relembra com reverência
o início do cinema francês, passeia por uma Paris tão encantadora como aquela
da “Meia Noite”, quase uma cidade viva com sons e burburinhos típicos, tic-tac de relógios e cochichos.
Uma estação de trem nos prende no tempo, brincando,
fugindo, driblando.
Asa Butterfield, intérprete de “O Menino do Pijama
Listrado”, apaixona e asfixia nosso peito.
Cada gesto, semblante ou trejeito de Hugo parece uma
sinfonia de emoções.
Sua delicadeza firme, sua obstinação graciosa, seu
talento criativo nos aprisionam.
Será mesmo uma interpretação ou Hugo existe ?
Realismo fantástico.
Meu texto está prejudicado. Hugo não me sai da
cabeça. Eu não consigo pegar o trem para deixar a estação de Paris no início do
século 20. Fiquei prisioneiro.
Talvez Ben Kingsley, o mesmo que foi Gandhi um dia, possa
deixar a trama por um instante e venha
me pedir atenção: Ei, olhe para mim!
Ou Martin Scorsese me peça desculpas pela hipnose.
A amiguinha de Cabret, (Shloe Moretz) , linda e tão menina, quem
sabe me desperta oferecendo um livro.