quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um Oscar merecido e sangrento em "O Regresso".

“O Regresso”, com Leonardo DiCaprio, é filme de cinema.
Para assistir concentrado, pipoca na mão e olhos fixos nos detalhes.
Arte.
É duro de ver.
Tempos de homens selvagens, desbravadores e exploradores, mundo cão da dominação, do extermínio corriqueiro, quase uma “jurisprudência” em terras inóspitas e cruéis com os humanos.
Há duelos de gente com animais poderosos, gigantes protetores de espaços e de suas crias.
Há o eterno amor entre homens e mulheres, pai e filho unidos em carne, unha e alma.
Sente-se frio polar, medo e asco na luta pela sobrevivência humana.
Há  vingança. Há história de povos.
Há fotografia para estatueta nesta saga.
E há um ator que entra para a história, confirma-se como um gigante e sai abraçado merecidamente com seu Oscar, tardio, mas conquistado de forma arrebatadora, magnífica, brilhante.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

“Carol”, o filme que parece polêmico, é um roteiro de amor.


“Carol” não é um filme arrebatador, muito menos ousado. É elegante, cuidadoso, suavemente tenso. Sua única cena de sexo é apenas o encontro naturalmente esperado pelo casal (e pela plateia) e que flui natural. A cena nem fica na memória, em detalhes. O filme não dá tesão, nem precisa.
Ambientado nos EUA dos anos 50, envolto na atmosfera conservadora da época, é baseado num romance de Patrícia Highsmith, “The Price of Salt”( O Preço do Sal), em que duas mulheres enfrentam as regras do conservadorismo para viverem um amor proibido, que o diretor Todd Maynes adapta com carinho, dá sua versão para um tema ainda polêmico e brilha na reconstituição da época e na fotografia. Pouco texto, muitas mensagens de câmera.
Carol (Cate Blanchett) é uma americana rica, em divórcio, segura de sua sexualidade e que encontra Therese, jovem entediada com o trabalho de balconista, quando tentava comprar um presente de Natal para sua única filha.
Como era de se esperar em qualquer época, há a luta do marido em ter sua mulher de volta, ações repugnantes para ter a guarda da filha, com golpes covardes de espionagem que nos fazem rir em tempos de whatsapp.
Mas eu não me importei, porque não me importo, com o romance entre duas mulheres. Ou melhor, entre duas pessoas.
Eu vi um enigma paralelo, que me inquieta e talvez ”Carol” me ajude a compreender definitivamente: o tão inexplicável (ou ao contrário) “amor à primeira vista”.
O que ocorre, como e porquê de duas pessoas que nunca se conheceram, sentirem uma atração que parece existir desde sempre. O que os olhos veem? Que encantamento ,  feito brisa que se transforma em furacão, invade a alma do outro e vai se instalando? E mais ainda sendo um  amor proibido?
O que é isso que um dos envolvidos diz que se pergunta, pergunta e não acha a resposta?
A jovem e atônita Therese deve estar até hoje fazendo essa pergunta.
Cate Blanchet (Carol) e Rooney Mara (Therese) são maiores que o filme, com  desempenhos para Oscar,  mas ir ao cinema lhe fará bem.
É o amor que vale a pena!