O som do jazz clássico invadia a cozinha.
Atenuava o aroma forte das cebolas e o cheiro do "cheiro".
Rosane escolheu carinhosamente a receita, a partir da chegada de um punhado de robalos quase frescos.
Eles não são frequentes em nossa cozinha, mas foram escolhidos para substituir a pescada maranhense em falta por aqui. Fazer o quê, como se diz.
Decisão tomada: sábado de moqueca.
A "chef" foi logo dizendo que a vez era da dona da casa.
"Epa", disse eu com autoridade duvidosa: eu vou auxiliar.Preciso aprender. Venci.
A "chef" foi me dando ordens e se queixando do amadorismo. Prometi obedecer.
Essa tal de "chef" é a Valdenira, chamada de "Dica" por uma criança de nossas amorosas lembranças dos anos 80, hoje uma mulher, a Talita.
As irmãs e nós adotamos o nome pequeno e carinhoso. Virou identidade.
Dica não é chef, nem governanta, nem empregada, nem secretária.
É a quinta mulher da casa. Suas opiniões se tornam quase sempre roteiro. Sua generosidade e companhia fazem nosso dia-a-dia saboroso em todos os sentidos.
Compartilhamos tudo com ela. É filha igualmente, sempre que aceita.
Vivo repetindo, com extrema humildade, que não somos felizes sem ela.
A moqueca foi tomando jeito, apesar de minha execução.
As postas de robalo, tomates, cebolas, cheiro, cebolinha, dendê, leite de coco e outras coisas foram se reunindo com sentido e ordem.
Pouco tempo depois, senti-me o máximo, aluno obediente, orgulhoso.
Provamos juntos, eu e Dica. Otimismo. Corajoso, eu disse que estava fantástico. O entusiasmo é um defeito próprio.
Dica sorriu, mas não tomou providências extremas.
A resultado ficou lindo. Coisa de profissional. Arroz soltinho e pirão clássico se juntaram depois.
A receita da mulher principal ficou supimpa.
A moqueca ficou suave.
A moqueca ficou suave.
Um sonho de valsa gelado, obra de Tamires, encerrou uma mesa de família num sábado quase comum.
OBS: Recomendo, na receita, o jazz clássico. Acho que é o segredo.
OBS: Recomendo, na receita, o jazz clássico. Acho que é o segredo.
Robalo em moqueca |
Não sei o que me deixou com mais vontade..comer o Robalo ou compartilhar da companhia de Dica, você, Tia Rosane e Tamires.
ResponderExcluirO robalo é melhor.
ResponderExcluirSem dúvida as companhias é que fazem o diferencial desse robalo...desses momentos, que possibilita almoçar uma delícia dessa e tantas outras maravilhas, como as duas receitas de bacalhau que comemos aí na Páscoa..!
ResponderExcluirSaudade de Dica e dos meus amores todos daí!
Saudade de Brasólia também..!
Beijo,
Talita