segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento - arte e história.


“O tempo e o  vento” é um filme delicado, bem acabado. Épico.
A obra que o inspirou, escrita por Erico Veríssimo, sempre despertou paixões, já virou novela, série de TV e se tornou um clássico obrigatório para entender o Rio Grande do Sul.
Érico a escreveu em três partes: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1961).
Mas, ontem, ao assistir o filme numa sala repleta de homens e mulheres maduros, convenci-me que o cinema ainda precisava contar sua versão.
Faz-nos entender, um pouco, porque os gaúchos, aqui e ali, pensaram em se separar do resto do país.
A terra dos gaúchos tem aspectos muito particulares, reconheçamos.
As paragens longínquas dos pampas, a colonização violenta dos espanhóis, a vida duríssima das primeiras gerações, as guerras intermináveis amalgamaram um povo cheio de orgulho e valores respeitáveis, em sua grande parte. Bravo. Cidadão.
É uma história de amor para gaúcho não botar defeito.  Paixão e sangue, dança e churrasco.
Fernanda Montenegro, bem madura, faz um filme dentro do filme, com sua interpretação cativante, profissionalíssima, como se nos oferecesse, em duas horas, toda a sua arte, resumidamente completa.
O Capitão Rodrigo, Thiago Lacerda, homem enorme, soldado quase invencível, apaixonado e machista, é o par de uma atriz renomada, e consegue nos convencer que conhece o personagem de Veríssimo como um ator consagrado que fosse.
Marjorie Estiano, a artista mais completa de sua geração, se encontra perfeitamente com ambos, chega de mansinho e se agiganta. Veterana.
Através dessas mulheres, no século passado ainda, o escritor fazia denúncia histórica sobre o sofrimento das mulheres de forma lúcida, contextualizada.
Atores e personagens gigantes num filme que arrancou aplausos na sala, mesmo sendo as mãos percursionistas bastante calejadas.
Jayme Monjardim, o diretor, saiu caladinho do Projac e fez bonito.
Todo o elenco é muito bom, é justo que eu diga.
Um filme para um país que ainda não se conhece plenamente, que não respeita o vento nem o tempo.

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