Quando me emociono o suficiente para compartilhar um filme no blog
tenho pouca dificuldade para escrever.
Deixo a emoção e a lembrança fluírem. Fiel ao pensamento. Sem preciosismos.
Mas, desde ontem, procuro tranquilidade para organizar o turbilhão de
emoções que este filme me causou.
Nunca vi nada igual no cinema, mesmo que a tecnologia de hoje
transforme um diretor em mágico.
O realismo-fantástico que nos envolve parece verossímil, mesmo para
uma plateia de adultos.
A mistura de uma aventura juvenil em 3D com uma quase saga, a fé
poderosa de um garoto, as maravilhas que o diretor de fotografia consegue
realizar nos mostrando aspectos inéditos da vida em alto mar, o roteiro preciso,
sem armadilhas, mas criativo e translúcido, enfim, formam uma extraordinária
invenção surpreendente de um diretor ousado como Ang Lee (O Segredo de
Brokeback Mountain).
Um dos protagonistas, o principal, é o jovem ator Suraj Sharma,
desconhecido, que nos faz deixar a sala pensando em seu próximo filme. Foi
escolhido por acaso. Compareceu aos testes apenas para acompanhar o irmão.
O outro é um tigre. Sobre ele, o meu respeitoso silêncio.
Ambos atravessam o pacífico numa pequena balsa, após um naufrágio. No
final, os dois se salvam e um deles conta a história mais sensacional que já vi
e ouvi.
Tomara, tomara mesmo, que tudo tenha sido verdade.
O filme está indicado a 11 estatuetas, foi feito nos EUA e deve entrar
para a história do cinema contemporâneo.
Difícil outro candidato ao Oscar ser tão magnífico. Este filme é
paixão imediata.
O autor do livro em que o filme foi baseado, Yann Martel, se inspirou
num outro, escrito pelo brasileiro Moacyr Scliar. Este conta a fuga de um
refugiado judeu que atravessou o Atlântico num bote, acompanhado por um
jaguar.